sábado, 5 de abril de 2014


O profeta luta contra quem
engaiola o Espírito Santo

Francisco lembra-nos que anunciar o Evangelho
acarreta perseguições e incompreensões

Quando anunciamos o Evangelho, enfrentamos a perseguição, recordou o papa Francisco na homilia da missa desta manhã, celebrada na capela da Casa Santa Marta. O pontífice reiterou que há hoje mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja e instou os fiéis a não terem medo das incompreensões nem das perseguições.

O Santo Padre desenvolveu a homilia com base na primeira leitura da missa, uma passagem do livro da Sabedoria. Ele destacou que os inimigos de Jesus preparam armadilhas, trabalham "com calúnias, matam a boa fama". É como se eles preparassem "o caldo para destruir o Justo", que se opõe às suas ações. Ao longo da história da salvação, observou Francisco, "os profetas sempre foram perseguidos" e o próprio Jesus o declara aos fariseus. Sempre, "na história da salvação, no tempo de Israel, inclusive na Igreja, os profetas foram perseguidos". Perseguidos porque dizem: "Vocês erraram de caminho! Voltem para os caminhos de Deus!". E isto "desagrada às pessoas que têm o poder do mau caminho".

"O Evangelho de hoje é claro, não é? Jesus se escondia, nos últimos dias, porque ainda não tinha chegado a sua hora. Mas Ele sabia qual ia ser o seu fim, como ia ser o seu fim. E Jesus é perseguido desde o princípio: recordamos que, no início da sua pregação, ele volta para a sua cidade, vai à sinagoga e prega; imediatamente, depois de uma grande admiração, eles começam: 'Mas este nós sabemos de onde veio. Ele é um dos nossos. Com que autoridade ele vem nos ensinar? Onde é que ele estudou?'. Tentam desqualificá-lo! É sempre o mesmo discurso, não é? 'Mas este nós sabemos de onde é!’ Só que Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é! Eles tentam desqualificar o Senhor, desqualificar o profeta para minar a sua autoridade!".


Tentam desqualificá-lo "porque Jesus saía e fazia os outros saírem daquele ambiente religioso fechado, daquela gaiola". O profeta "luta contra as pessoas que engaiolam o Espírito Santo. E é por isso que ele é perseguido: sempre!". Os profetas "são todos perseguidos ou incompreendidos, deixados de lado. Não se reconhece o lugar deles! Esta situação não terminou com a morte e ressurreição de Jesus: ela continua na Igreja! Perseguidos fora e perseguidos dentro!". Quando lemos as vidas dos santos, afirmou o papa, vemos "quantas incompreensões, quantas perseguições os santos sofreram", "porque eram profetas!".

"Muitos pensadores na Igreja também foram perseguidos. Penso em um deles, agora, neste momento, não muito distante de nós. Um homem de boa vontade, um verdadeiro profeta, que, com seus livros, repreendia a Igreja porque ela se afastava do caminho do Senhor. Eles rapidamente o chamaram. Seus livros acabaram no Index. Tiraram as suas cátedras. E este homem termina assim a vida. Não faz muito tempo. O tempo passou e hoje ele é beato! Como é possível que ontem ele fosse um herege e hoje seja um beato? É que, ontem, quem tinha o poder queria silenciá-lo, porque não gostava do que ele dizia. Hoje, a Igreja, que graças a Deus sabe se arrepender, diz: 'Não, este homem é bom!'. Mais ainda, ele está no caminho da santidade: é um beato!"

"Todas as pessoas que o Espírito Santo escolhe para dizer a verdade ao povo de Deus sofrem perseguições". E Jesus "é precisamente o modelo, o ícone". Nosso Senhor tomou sobre Ele "todas as perseguições do seu povo". E ainda hoje "os cristãos são perseguidos", denunciou o papa. "Eu me atrevo a dizer que há o mesmo número ou mais mártires agora do que nos primeiros tempos, porque, diante desta sociedade mundana, diante desta sociedade um tanto acomodada, que não quer problemas, eles dizem a verdade, eles anunciam Jesus Cristo".

"E, hoje, existe a pena de morte e a prisão para quem tem o Evangelho em casa, para quem ensina o catecismo em muitos países! Um católico de um desses países me dizia que eles não podem rezar juntos! É proibido! Só podem rezar sozinhos e escondidos. E quem quer celebrar a Eucaristia? Eles fazem uma festa de aniversário, simulam uma festa de aniversário, e lá celebram a Eucaristia, antes da festa. E, isto já aconteceu, quando eles veem que a polícia está chegando, escondem tudo às pressas e ‘Parabéns, parabéns. Muitas felicidades’, e continuam a festa. Depois, quando a polícia vai embora, eles terminam a missa. É assim que eles precisam fazer, porque é proibido rezar juntos. Hoje!".

E esta história de perseguições, destacou Francisco, "é o caminho do Senhor, é o caminho dos que seguem o Senhor”. Mas, "no final, tudo sempre termina como terminou com nosso Senhor: com a ressurreição, mas passando pela cruz!".

Francisco recordou o padre Mateus Ricci, evangelizador na China, que "não foi entendido. Mas ele obedeceu, como Jesus!". Sempre, voltou a insistir o papa, "existirão as perseguições, as incompreensões! Mas Jesus é o Senhor e este é o desafio e a cruz da nossa fé!" Que nosso Senhor "nos dê a graça de seguir o seu caminho e, se acontecer, também de carregar a cruz das perseguições".

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