sábado, 6 de abril de 2013


O coração da nossa esperança é a
Morte e a ressurreição de Jesus
Catequese do Papa Francisco na segunda
Audiência Geral do pontificado
ROMA, 03 de Abril de 2013 - Na sua segunda Audiência geral, com uma Praça de São Pedro amarrotada de fieis, o santo padre Francisco retomou as catequeses do Ano da Fé, começadas pelo seu predecessor Bento XVI. A ocasião foi propícia para explicar a força da mensagem que contém o artigo de fé sobre a ressurreição de Cristo. Oferecemos aos nossos leitores a tradução de ZENIT do original italiano do Papa.
Queridos irmãos e irmãs,
Bom dia,
hoje voltamos às catequeses sobre o Ano da fé. No Credo repetimos esta expressão: “ressuscitou no terceiro dia segundo as Escrituras”. E é este o evento que estamos celebrando: a Ressurreição de Jesus, centro da mensagem cristã, ecoado desde o princípio e transmitido para que chegasse até nós. São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi; Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas e depois aos Doze” (1 Cor 15, 3-5). Esta breve confissão de fé anuncia justamente o Mistério Pascal, com as primeiras aparições do Ressuscitado a Pedro e aos Doze: a Morte e a Ressurreição de Jesus são o coração da nossa esperança. Sem esta fé na morte e na ressurreição de Jesus a nossa esperança será fraca, mas não será nem sequer esperança, e o coração da nossa esperança é a morte e a ressurreição de Jesus. O Apóstolo afirma: “Se Cristo não ressuscitou, vã é vossa fé; ainda estais nos vossos pecados” (v. 17). Infelizmente, muitas vezes procurou-se obscurecer a fé na Ressurreição de Jesus, e também entre os mesmos crentes insinuaram-se dúvidas. Um pouco aquela fé “água com açucar”, como dizemos; não é a fé forte. E isso por superficialidade, às vezes por indiferença, ocupados por várias coisas que são consideradas mais importantes do que a fé, ou também por uma visão só horizontal da vida. Mas, é justamente a Ressurreição que nos abre à esperança maior, porque abre a nossa vida e a vida do mundo ao futuro eterno de Deus, à felicidade plena, à certeza de que o mal, o pecado, a morte podem ser vencidos. E isto leva a viver com mais confiança as realidades cotidianas, enfrentá-las com coragem e com compromisso. A Ressurreição de Cristo ilumina com uma nova luz estas realidades cotidianas. A Ressurreição de Cristo é a nossa força!

Deus não escolhe de acordo 
com os critérios humanos

Catequese do Papa Francisco
Com a Praça de São Pedro amarrotada de jovens, o Papa Francisco disse nessa manhã, no final da sua catequese de hoje: “Vi que a praça está cheia de jovens. Eis aí! Digo a vocês: Levem adiante esta certeza: o Senhor está vivo e caminha ao nosso lado na vida.”
Na sua segunda Audiência Geral do Pontificado, Papa Francisco quis retomar as catequeses começadas pelo seu predecessor sobre o Ano da Fé.
O núcleo da nossa esperança é a morte e a Ressurreição de Jesus, disse o Papa. Destacou o artigo do credo onde dizemos: “ressuscitou no terceiro dia segundo as Escrituras”. “Sem essa fé, nem sequer teremos esperança”.
Sem a fé na Ressurreição de Jesus a nossa fé será “aquela fé ‘água com açucar’”, disse o Papa. Não é a “fé forte”. Porém, é essa fé que “nos abre à esperança maior”, à certeza da “felicidade plena, à certeza de que o mal, o pecado, a morte podem ser vencidos.”
O Santo Padre destacou os dois tipos de testemunhos no Novo Testamento: a profissão de fé, que são “fórmulas sintéticas que mostram o núcleo da fé”, e a narração do evento da Ressurreição.
Francisco fixou-se no segundo tipo de testemunho, na narração da Ressurreição. As mulheres foram as primeiras a receber esse anúncio, e “movidas pelo amor sabem acolher este anúncio com fé: crêem, e rapidamente o transmitem, não o guardam para si, transmitem-no”.
A favor da historicidade do fato da ressurreição, destacou o Papa que “de acordo com a lei judaica da época, as mulheres e as crianças não podiam dar um testemunho confiável, credível”, e “se fosse um fato inventado, no contexto daquela época não teria sido ligado – pelos evangelistas - ao testemunho das mulheres”.
Isso mostra como “Deus não escolhe de acordo com os critérios humanos: as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus são os pastores, gente simples e humilde; as primeiras testemunhas da Ressurreição são as mulheres”, disse o Papa.
“Os Apóstolos e os discípulos têm mais dificuldades para crer. As mulheres não”.  O pontífice refletiu sobre como as mulheres “tenham tido e também hoje o tenham, um papel especial no abrir as portas para o Senhor, no seguí-lo e no comunicar o seu Rosto, porque o olhar de fé tem sempre necessidade do olhar simples e profundo do amor”.
No final da audiência, o Papa se dirigiu aos jovens reunidos em grande quantidade na Praça de São Pedro e disse-lhes: “Levar adiante esta esperança. Estejam ancorados nessa esperança: esta âncora que está no céu; segurem forte a corda, estejam ancorados e levem adiante a esperança.”

Lamentar faz mal ao coração
Papa Francisco celebrou missa, hoje pela manhã, 
para funcionários da Domus Sacerdotalis Romana
ROMA, 03 de Abril de 2013 - "Eles lamentavam”. E por força das lamentações, a vida deles que, pouco  tempo antes, tinha sido iluminada pelo encontro com Jesus Cristo, mergulhava na amargura, na incerteza e no pesar.
Durante a Santa Missa em Santa Marta, na manhã desta quarta-feira, 03 de abril, para funcionários da Domus Sacerdotalis Romana, o Papa Francisco aprofundou a história dos discípulos de Emaús, protagonistas do Evangelho de hoje (Lc 24,13-35).
Esses discípulos, particularmente abalados com a morte violenta do Mestre, “estavam com medo",  mais do que os outros. Não paravam de falar da tragédia apenas ocorrida, mas, não mais vendo perspectivas futuras, se lamentavam, e assim se fechavam cada vez mais em si mesmos.  
"E cozinhavam a vida deles - por assim dizer - no caldo de suas lamentações, e assim continuavam caminhando”, disse o Santo Padre, comparando a atitude dos discípulos de Emaús à de muitos homens e cristãos de todos os tempos.
Na dificuldade, quando “a Cruz nos visita", o risco imediato que corremos é o de "nos fecharmos em nossas lamentações", disse o Papa. Embora, o Senhor esteja ao nosso lado e caminhando conosco, “não o reconhecemos".
E ainda, quando Jesus nos fala e nos transmite a beleza da sua vida e da sua ressurreição "dentro de nós, no fundo, continuamos com medo" e o lamento se torna um tipo de "segurança": a segurança da  “minha verdade, o fracasso ", a ausência de esperança.

segunda-feira, 1 de abril de 2013


O amor de Deus transforma e faz florescer o 
deserto do nosso coração
Mensagem Pascal do Papa Francisco e benção "Urbi et Orbi"
CIDADE DO VATICANO, 31 de Março de 2013  
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boa Páscoa!
Que grande alegria é para mim poder dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões...
Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus ressuscitou, uma esperança despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia! Sempre vence a misericórdia de Deus!
Também nós, como as mulheres discípulas de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4). Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração. Isso pode realizar o amor de Deus!
Este mesmo amor pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança.
Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória é o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7).

domingo, 31 de março de 2013




Não há pecado que Deus não possa perdoar
Na Vigília Pascal Papa Francisco convida a não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida!  
30 de Março de 2013 
Às 20h30 o Santo Padre Francisco presidiu na Basílica Vaticana, a solene Vigília Pascal na Noite Santa.
O rito começou no átrio da Basílica de São Pedro com a bênção do fogo e a preparação do círio pascal. Após  a procissão para o altar com o círio pascal aceso e o canto Exsullet, seguiu-se a Liturgia da Palavra e a Liturgia do Batismo - durante a qual o Papa administrou os sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Primeira comunhão) para quatro neófitos, vindos da Itália, Albânia, Rússia e um vietnamita, que vive nos Estados Unidos – e a Liturgia Eucarística, concelebrada com os cardeais.
Publicamos abaixo a homilia  pronunciada pelo Papa Francisco  após a proclamação do Santo Evangelho:

Amados irmãos e irmãs!
1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf.Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus; temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender!

Olhar que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração
CIDADE DO VATICANO, 30 de Março de 2013 
Apresentamos o texto da mensagem em vídeo do Papa Francisco por ocasião da exposição extraordinária do Sudário, realizada nesta tarde, na Catedral de Turim no âmbito do Ano da fé.
Amados irmãos e irmãs,
Juntamente convosco coloco-me também eu diante do Santo Sudário, e agradeço ao Senhor por esta possibilidade que nos oferecem os instrumentos de hoje.
Embora realizado desta forma, o nosso ato de presença não é uma simples visão, mas uma veneração: é um olhar de oração. Diria mais: é um deixar-se olhar. Este Rosto tem os olhos fechados – é o rosto de um defunto – e todavia, misteriosamente, olha-nos e, no silêncio, falanos. Como é possível? Por que motivo quer o povo fiel, como vós, deter-se diante deste Ícone de um Homem flagelado e crucificado? Porque o Homem do Sudário nos convida a contemplar Jesus de Nazaré. Esta imagem – impressa no lençol – fala ao nosso coração e impele-nos a subir o Monte do Calvário, a olhar o madeiro da Cruz, a mergulhar-nos no silêncio eloquente do amor.