sexta-feira, 1 de março de 2013


Papa Bento promete "incondicional reverência 
e obediência" ao sucessor
O Santo Padre se despede definitivamente do colégio dos cardeais
Na manhã de hoje, 28 de fevereiro, às 11 horas, a Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano abrigou o último encontro do papa Bento XVI com os cardeais presentes em Roma, para a saudação de despedida.
Em nome de todos, o cardeal Angelo Sodano, decano do colégio de cardeais, manifestou a "profunda gratidão" de todos os purpurados pelo "testemunho de abnegado serviço apostólico" demonstrado pelo papa "para o bem da Igreja de Cristo e de toda a humanidade".
Sodano concluiu o discurso comparando a experiência do colégio dos cardeais ao lado do papa Ratzinger com a dos discípulos de Emaús, que, "depois de caminhar com Jesus durante um bom trecho de estrada, disseram um para o outro: Não é que ardia o nosso coração enquanto ele nos falava ao longo do caminho? (Lc 24,32)".

Igreja: a razão e a paixão da vida
As palavras de Bento XVI aos cardeais no último dia do seu pontificado

Venerados e queridos Irmãos!
Com grande alegria vos recebo e ofereço a cada um de vós a minha mais cordial saudação. Agradeço ao Cardeal Angelo Sodano que, como sempre, foi capaz de transmitir os sentimentos do Colégio: Cor ad cor loquitur. Obrigado Eminência, de coração. Gostaria de dizer – tendo com referência a experiência dos discípulos de Emaús - que também para mim foi uma alegria caminhar convosco nos últimos anos, na luz da presença do Senhor ressuscitado.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


"A Palavra de verdade do Evangelho 
é a força da Igreja, é a sua vida"
As palavras de Bento XVI na última Audiência Geral do seu pontificado
Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!

Ilustres Autoridades!

Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.
Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.
Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.

Sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é de Cristo
Na sua última audiência o Papa Bento XVI lembra que é Deus que guia a Igreja e o mundo

“Também eu sinto no meu coração o dever de principalmente agradecer a Deus” disse Bento XVI. “Sinto de levar todos na oração, num presente que é aquele de Deus, onde coloco cada encontro, viagem, cada visita pastoral”.
Lembrando o 19 de abril de 2005, momento da sua eleição, elevou aos céus essa oração “Senhor, por que me pede isso e o que me pede? É um peso grande que me coloca nas costas, mas se o senhor me pede, nas suas palavras lançarei as redes, com a certeza de que me guiará, ainda com todas as minhas debilidades”.
A barca da igreja, nesses oito anos, passou por “momentos de alegria e luz, mas também momentos não fáceis”, porém, continuou Bento XVI “sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é sua”, e disse “O Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, sem dúvida também por meio dos homens que escolheu, porque assim o quis”.
Convidou todos a “renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certos de que aqueles braços nos sustentam sempre e é o que nos permite caminhar a cada dia, também no cansaço”. Que cada um de nós “sinta a alegria de ser cristão”.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013



— Francisco Tostón de la Calle — www.religiondigital.com

Dá-nos um Papa santo


Senhor Jesus, modelo de Deus
e modelo para o homem,
dá-nos um papa santo.
Não importa que não possua
um carisma que arraste multidões.
Não importa que não seja a imagem predileta
dos paparazzi
,
que não beije o duro cimento
de todos os aeroportos do mundo,
que não saiba abençoar em 50 idiomas.

Não importa que não seja, talvez,
um grande teólogo,
capaz de discutir ou aprofundar
elevados problemas teológicos
ou gravíssimas questões de moral.

Basta-nos que seja santo,
que olhe para o mundo com bondade de coração,
com esperança e compaixão,
com o amor com que Tu olhavas
as multidões de famintos,
doentes e desorientados.

Que seja capaz de olhar nos olhos,
como Tu olhaste a samaritana
,
todas as mulheres do mundo
e dizer-lhes também: «Dá-me de beber.»

Que olhe as crianças
com o infinito amor e respeito
com que Tu os abraçavas,
vendo neles a esperança do mundo,
sempre renovada em cada criança,
a melhor imagem de Ti mesmo.

Que seja livre como Tu,
para fazer o que o Espírito lhe ditar
,
silenciando corvos e agoireiros.

Finalmente, que encare a sua missão
como o verdadeiro serviço
que enobrece o cristão,
como fez contigo na cruz
e na ressurreição.

© Francisco Tostón de la Calle
© tradução de Lopes Morgado
© Laboratório da fé, 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013


II Domingo da Quaresma: um êxodo diferente

I. INTRODUÇÃO GERAL


No segundo domingo da Quaresma também se encontra, todos os anos, o episódio da transfiguração, cada vez à luz de um dos evangelhos sinóticos. Ainda no início, é bom olhar um pouco melhor para o caminho e para a chegada. Para quem se prepara para o batismo ou para renovar os compromissos do seu batismo e vivê-lo melhor, será bom também ver o que se pode aprender do episódio.
Este ano a versão é a de Lucas, que nem fala de transfiguração, mas apenas do rosto de Jesus transformado pela oração e da brancura e brilho de suas roupas.
Fala da morte de Jesus como um êxodo, uma saída semelhante à dos hebreus da escravidão do Egito. Jerusalém é o ponto central para Lucas, tanto no evangelho quanto no livro dos Atos dos Apóstolos. Se a rede de comunidades cristãs fundada por Paulo era acusada de negar sua origem judaica, Lucas contesta, colocando Jerusalém sempre no centro. O êxodo ou a saída de Jesus que se dá em Jerusalém pode ter, então, vários significados.
Jerusalém e tudo o que ela significa ter-se-ão transformado em outro Egito, nova “casa da escravidão”? A saída de Jesus da cidade explica-se pela necessidade de ele ser crucificado fora dela – o que era normal e exigido pela Lei, pois a crucifixão torna impuro o lugar – ou também significa uma saída que ele abriu para a humanidade? A morte de cruz é um êxodo, uma saída, porque escapa totalmente a uma leitura e interpretação de Dt 21,23 (quem morre pendurado é maldito por Deus)?