sexta-feira, 18 de maio de 2012


Evangelho segundo S. João 16,20-23a.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!

A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo.

Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.

Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona e doutor da Igreja

Sermão 171, sobre a Carta aos Filipenses

«Ninguém vos poderá tirar a vossa alegria»
«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos» (Fl 4,4). O apóstolo Paulo ordena-nos que sejamos felizes, mas no Senhor, e não segundo o mundo. Como está dito nas Escrituras: «Quem quiser ser amigo deste mundo torna-se inimigo de Deus!» (Tg 4,4). Tal como não podemos servir a dois senhores (Mt 6,24), também não podemos ser felizes, simultaneamente, no mundo e no Senhor. Que a alegria no Senhor prevaleça, portanto, até que desapareça a alegria pelas coisas do mundo; que a alegria no Senhor aumente sempre. Não digo isto significando que, porque vivemos no mundo, nunca nos devamos alegrar; mas para que, mesmo vivendo no mundo, sejamos felizes no Senhor.


Haverá quem diga, porém: «Estou neste mundo; se sou feliz, sou feliz aqui, onde estou.» E então? Porque estás no mundo, não estás no Senhor? Escuta ainda São Paulo acerca de Deus e do Senhor, nosso Criador: «É n'Ele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos» (Act 17,28). Porque Ele está em todo o lado; haverá lugar onde não esteja? Não era sobre isto que ele nos exortava? «O Senhor está próximo. Por nada vos deixeis inquietar» (Fl 4,5-6).

Grande mistério, este: Ele subiu aos céus, e está próximo dos que habitam a Terra. Quem, portanto, poderá estar simultaneamente longe e tão perto, a não ser Aquele que, por misericórdia, se aproximou tanto de nós?





quarta-feira, 16 de maio de 2012


Evangelho segundo S. João 16,12-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora.
Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir.


Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer.
Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.»


Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego, santo das Igrejas Ortodoxas Catequeses, 33; SC 113
«Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa»

A «chave do conhecimento» (Lc 11,52) não é senão a graça do Espírito Santo, que é dada pela fé. Pela iluminação, ela produz um conhecimento muito real, e mesmo o conhecimento completo. Ela abre o nosso espírito fechado na obscuridade, muitas vezes com parábolas e símbolos, mas também com declarações mais claras.  Prestai pois muita atenção ao sentido espiritual da palavra. Se a chave não for adequada, a porta não se abrirá. Porque, disse o Bom Pastor, «é a ele que o porteiro abre» (Jo 10,3). Mas, se a porta não se abrir, ninguém entra na casa do Pai, porque Cristo disse: «Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14,6).

Ora, é o Espírito Santo Quem primeiro abre o nosso espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e ao Filho. Cristo disse-nos: «O Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, dará testemunho a Meu favor, e guiar-vos-á a toda a verdade» (Jo 15,26; 16,13). Vede como, pelo Espírito, ou melhor, no Espírito, o Pai e o Filho Se dão a conhecer inseparavelmente. 

Se chamamos ao Espírito Santo uma chave, é porque é primeiramente por Ele e n'Ele que o nosso espírito é iluminado. Uma vez purificados, somos iluminados pela luz do conhecimento. Somos baptizados do alto, recebemos um novo nascimento e tornamo-nos filhos de Deus, como disse São Paulo: «O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8,26). E ainda: «Deus enviou aos nossos corações o Espírito que clama: 'Abba, Pai'» (Gal 4,6). É por conseguinte Ele que nos mostra a porta, porta que é luz, e a porta ensina-nos que Aquele que habita esta casa é também luz inacessível.




terça-feira, 15 de maio de 2012



Evangelho segundo S. João 16,5-11.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: 'Para onde vais?'
Mas, por vos ter anunciado estas coisas, o vosso coração ficou cheio de tristeza.
Contudo, digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei.

E, quando Ele vier, dará ao mundo provas irrefutáveis de uma culpa, de uma inocência e de um julgamento:
de uma culpa, pois não creram em mim; de uma inocência, pois Eu vou para o Pai, e já não me vereis; de um julgamento, pois o dominador deste mundo ficou condenado.»


São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja
3º sermão para o Pentecostes
«É melhor para vós que Eu vá»

O Espírito Santo estendeu sobre a Virgem Maria a Sua sombra (Lc 1,35) e, no dia de Pentecostes, fortificou os apóstolos; a Ela, fê-lo para suavizar o efeito da vinda da divindade ao seu corpo virginal e a eles, para os revestir com a força do alto (cf. Lc 24,49), isto é, com a mais ardente caridade. Como teriam eles, na sua fraqueza, podido cumprir a sua missão de triunfar sobre a morte sem «esse amor, mais forte que a morte», e de não permitir que «as portas do abismo prevalecessem sobre eles» sem esse amor mais inflexível que o abismo? (cf. Mt 16,18; Ct 8,6) 

Ora, ao ver esse zelo, alguns julgavam-nos ébrios (cf. Act 2,13). Efectivamente, estavam ébrios, mas de um vinho novo, aquele que a «verdadeira videira» deixara derramar do alto do céu, aquele que «alegra o coração do homem» (cf. Jo 15,1; Sl 103,15). Era um vinho novo para os habitantes da terra mas, no céu, encontrava-se em abundância [...], jorrava em golfadas pelas ruas e pelas praças da cidade santa, por onde espalhava a alegria do coração.

Assim, havia no céu um vinho especial que a terra desconhecia. Mas a terra tinha também qualquer coisa que lhe era própria e que era a sua glória — a carne de Cristo — e os céus tinham uma grande sede da presença dessa carne. 

Quem poderia impedir essa troca tão certa e tão rica em graça entre o céu e a terra, entre os anjos e os apóstolos, de forma que a terra possuísse o Espírito Santo e o céu a carne de Cristo? «Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós», disse Jesus. Quer dizer, se não deixais partir aquilo que amais, não obtereis o que desejais. «É melhor para vós que Eu vá» e que vos transporte da terra ao céu, da carne ao espírito; pois o Pai é espírito, o Filho é espírito e o Espírito Santo é também espírito. E o Pai «é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4,23-24).




segunda-feira, 14 de maio de 2012


S. João 15,9-17.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor.

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor.

Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.

É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.

Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos.

Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.

Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei- -vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai.

Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá.

É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»



São João Crisóstomo (c.345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
3.ª Homilia sobre os Actos dos Apóstolos (trad. do breviário)

São Matias, testemunha da Ressurreição, escolhido por Deus

«Naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos» (Act 1,15ss.), Pedro, a quem Cristo tinha confiado o rebanho, movido pelo fervor do seu zelo e dado que era o primeiro dentro do grupo, foi o primeiro a tomar a palavra [e] «disse: Irmãos, é necessário escolher de entre  os homens que andaram connosco». 



Reparai como se empenha em que tenham sido testemunhas oculares; embora o Espírito Santo houvesse de vir depois sobre eles, dá a isso grande importância. «De entre os homens que andaram connosco, todo o tempo que o Senhor Jesus passou no meio de nós». Refere-se àqueles que viveram com Jesus e não aos que eram apenas discípulos. De facto, eram muitos os que O seguiam desde o princípio  «até ao dia em que nos foi levado para o alto; é necessário, pois, que um deles se torne connosco testemunha da Sua Ressurreição».

Não disse: testemunha de tudo o mais; mas só: «testemunha da Ressurreição». Na verdade, seria mais digno de fé quem pudesse testemunhar: Aquele que vimos comer e beber e que foi crucificado, foi Esse que ressuscitou. Não interessava ser testemunha do tempo anterior nem do seguinte, nem dos milagres, mas simplesmente da Ressurreição. Porque todos os outros factos eram manifestos e públicos; só a Ressurreição se tinha realizado secretamente e só eles a conheciam.


domingo, 13 de maio de 2012






Senhor do amor sempre novo…

Conhecer-te é deixar que me envolvas intimamente,
É permanecer num dinamismo imparável do amor que
Me leva a descansar na verdura dos Teus prados,
Na veracidade das tuas doces Palavras,
Na certeza de que estás presente na Tua Igreja
E que palpitas no coração dos irmãos…
Pedras preciosas são as sílabas harmoniosas do amor
Que procuro viver e experimentar no riacho que transborda
Da Ressurreição que é Vida e plena abundância do Teu amor por mim…

A efusão do Teu Espírito desce sobre todos sem distinção…
Urge um novo Pentecostes, para que ardamos no fogo do Teu amor…
É preciso um renovar a escuta da Tua Palavra como coração ardente…
É necessário deixar que a brisa do teu Espírito inunde de paz o meu ser…
A aridez da minha secura, as friestas do meu deserto, as trevas da minha vida, se façam luz a iluminar tanta cegueira!
Tudo se refaz com amor, com a vivência dum permanecer unida a Ti como os ramos à videira…

Preciso com afincado amor, de renovar o sim da primeira hora,
Preciso de medir a temperatura escaldante da minha permanente disponibilidade
Para Te acolher em mim como o Dom maravilhoso e misericordioso do teu amor…
Devo sentir-me humilde instrumento nas Tuas mãos e só assim compreenderei a missão
Que me convida a permanecer firme, fiel e feliz no Teu amor…
É a Tua vida que corre na minha vida, é o Teu amor que faz brotar em mim gestos de amor
Livres, gratuitos, sem nada esperar em troca… Verdadeiros dons do teu imenso amor…
Olho o Céu! Ignoro a dor e a luta! Sei que caminhas a meu lado
 e me reafirmas o teu amor…

Tu, és amor, Tu és seiva que vibra nos vasos do meu corpo,
Tu és minha liberdade interior, Tu, me escolhes, me fazes discípula…
Tu marcas a vida dos que convidas a fazer este percurso de amor sem limites nem condições…
 Tu me convidas a contemplar e a tirar as mil conclusões sobre a fecundidade do amor
 daqueles que permanecem em Ti e contigo querem dar fruto abundante.
Quantas torrentes de afetos se experimentam quando se ama aquele
que continua a dar a vida e a amar-nos até ao fim!

13 de maio de 2012

Paulo VI, papa de 1963-1978

Exortação apostólica «Gaudete in domino» sobre a alegria cristã, § 4

«Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a Minha alegria»

Durante vinte séculos, a fonte da alegria espiritual não deixou de fluir na Igreja, e em especial no coração dos santos.  Na vida dos membros da Igreja, a sua participação na alegria do Senhor é inseparável da celebração do mistério eucarístico, onde são alimentados e saciados pelo Seu corpo e pelo Seu sangue. Porque neste sacramento, sustentados como viajantes no caminho da eternidade, recebem já os primeiros frutos da alegria do fim dos tempos.


A partir desta perspectiva, a alegria ampla e profunda que é derramada já neste mundo no coração dos verdadeiros crentes revela-se «transbordante», como a vida e o amor do qual é justamente sinal. A alegria é o resultado de uma comunhão entre o homem e Deus, e aspira a uma comunhão cada vez mais universal; a alegria não pode incitar aqueles que a experimentam a uma atitude de auto-absorção. Ela dá ao coração uma abertura universal ao mundo, ao mesmo tempo que o alimenta com o desejo de experimentar os bens eternos. 


A alegria faz com que os cristãos se orientem fervorosamente para a consumação celeste das núpcias do Cordeiro (Ap 19.7), permanecendo serenamente distendida entre o tempo das fadigas da terra e a paz da morada eterna, de acordo com a lei da gravitação do Espírito: «Se já agora, tendo recebido essa garantia dos dons do Espírito (2Cor 5,5), clamamos 'Abba, Pai' (Gal 4,6), o que não será quando, ressuscitados, O virmos face a face (1Cor 13,12), quando todos os membros do Corpo de Cristo irromperem num hino de alegria, glorificando Aquele que os ressuscitou de entre os mortos e lhes deu o dom da vida eterna?  O que não fará toda a graça do Espírito, finalmente dada aos homens por Deus? Tornar-nos-á semelhantes a Ele e dará efeito à vontade do Pai, porque tornará o homem à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26)» (Ireneu de Lião). Neste mundo, os santos oferecem-nos já um vislumbre dessa semelhança.




Evangelho segundo S. João 15,9-17.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor.


Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor.

Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.

É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.

Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei- -vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai.

Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá.

É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»