sábado, 24 de setembro de 2011

Sim, Senhor, eu vou...

Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: 
28“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi.31Qual dos dois fez a vontade do Pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade eu vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus.
32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”. 

Louvai o Senhor em todo o tempo...

Homilia do Papa na Domsplatz de Erfurt

Homilia que Bento XVI pronunciou hoje na Missa celebrada na Domsplatz de Erfurt, em honra de Santa Isabel de Turingia.
* * *
Amados irmãos e irmãs,
«Louvai o Senhor em todo o tempo, porque Ele é bom»: assim cantámos antes do Evangelho. Sim, temos verdadeiramente motivos para agradecer a Deus com todo o coração. Nesta cidade, se recuarmos com o pensamento até 1981, o ano jubilar de Santa Isabel, há trinta anos – eram os tempos da República Democrática Alemã –, quem teria imaginado que o muro e o arame farpado nas fronteiras cairiam poucos anos depois? E, se recuarmos ainda mais – cerca de setenta anos – até 1941, até ao tempo do nacional-socialismo, quem seria capaz de predizer que o chamado «Reich milenário» ficaria reduzido a cinzas apenas quatro anos mais tarde?
Amados irmãos e irmãs, aqui na Turíngia, na República Democrática Alemã de então, tivestes de suportar uma ditadura «pardacenta» [nazista] e uma «vermelha» [comunista], cujo efeito sobre a fé era parecido com o que tem a chuva ácida. Desse tempo, há ainda muitas consequências tardias a debelar, sobretudo no âmbito intelectual e religioso! Hoje, a maioria das pessoas nesta terra vive longe da fé em Cristo e da comunhão da Igreja. Mas as últimas duas década mostram também experiências positivas: um horizonte mais largo, um intercâmbio para além das fronteiras, uma certeza confiante de que Deus não nos abandona e nos guia por caminhos novos. «Onde há Deus, há futuro».
Todos nós estamos convencidos de que a nova liberdade ajudou a dar à vida dos homens uma dignidade maior e a abrir novas e variadas possibilidades. E do ponto de vista da Igreja podemos também assinalar, com gratidão, muitas facilitações: novas possibilidades para as actividades paroquiais, a restauração e o alargamento de igrejas e centros paroquiais, iniciativas diocesanas de carácter pastoral ou cultural. Mas estas possibilidades trouxeram-nos também um crescimento na fé? Não será talvez preciso procurar as raízes profundas da fé e da vida cristã noutra realidade bem diversa da liberdade social? Houve muitos católicos resolutos que permaneceram fiéis a Cristo e à Igreja, precisamente na difícil situação de uma opressão exterior. Aceitaram arcar com desvantagens pessoais, para viverem a própria fé. Quero aqui agradecer aos sacerdotes e aos seus colaboradores e colaboradoras de então. De modo particular, quero recordar a pastoral dos refugiados imediatamente depois da II Guerra Mundial: então muitos clérigos e leigos realizaram grandes coisas para atenuar a penosa situação dos prófugos e dar-lhes uma nova Pátria. Por fim, dirijo um sincero agradecimento aos pais que, no meio da diáspora e num ambiente político hostil à Igreja, educaram os seus filhos na fé católica. Por exemplo, merecem ser recordadas, com gratidão, as Semanas Religiosas para as crianças durante as férias, e também o trabalho frutuoso das Casas para a juventude católica Sankt Sebastian, em Erfurt, e Marcel Callo, em Heiligenstadt. Especialmente em Eichsfeld, houve muitos cristãos católicos que resistiram à ideologia comunista. Queira Deus recompensar abundantemente a perseverança na fé. O corajoso testemunho e a paciente confiança na providência de Deus são como uma semente preciosa que promete fruto abundante para o futuro.

Onde há Deus, há futuro...

Queridos amigos,
Com grande alegria, saúdo a todos e vos agradeço pelo cordial acolhimento. Depois dos magníficos encontros em Berlim e Erfurt, sinto-me feliz por poder estar agora também convosco em Friburgo. Um obrigado particular a D. Robert Zollitsch pelo seu convite e as amáveis palavras de boas-vindas que me dirigiu.
«Onde há Deus, há futuro»: assim diz o lema desta Visita Pastoral. Como Sucessor do Apóstolo Pedro, a quem o Senhor deu o encargo de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32), de boa vontade vim ter convosco também, para rezarmos juntos, proclamar a palavra de Deus e celebrar a Eucaristia. Peço a vossa oração para que estes dias sejam frutuosos, para que Deus confirme a nossa fé, revigore a nossa esperança e aumente o nosso amor. Oxalá nos tornemos de novo, nestes dias, cientes de quanto Deus nos ama e de como Ele é bom, para colocarmos, com plena confiança, nas suas mãos o nosso próprio ser e tudo o que faz mover o nosso coração e é importante para nós. N’Ele, o nosso futuro está assegurado; Ele dá sentido à nossa vida e pode levá-la à plenitude. Que o Senhor vos acompanhe na paz e vos torne mensageiros da alegria!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Papa adverte sobre novas formas de cristianismo ...

O Papa fez esta declaração hoje, em um encontro com representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã (EKD), em Erfurt, cidade onde Lutero (1483-1546) iniciou seu caminho teológico. Bento XVI identificou dois grandes riscos que ameaçam a comunhão alcançada entre os cristãos nas últimas décadas: o de uma nova forma de cristianismo de grande difusão mas pouco estável e “às vezes preocupante em suas formas” e o de adulterar a fé, cedendo à secularização, para tentar ser modernos. Sobre o primeiro desafio, o Papa explicou que “nos últimos tempos, a geografia do cristianismo mudou profundamente e ainda continua mudando”.

Sociedade não se sustenta no longo prazo sem consenso sobre os valores éticos fundamentais


Em uma sociedade pluralista, é preciso estar atentos para que haja sempre respeito pelo outro. Esse respeito cresce com base em valores inalienáveis, cujo marco, na Alemanha e em muitos outros países, está representado pela Constituição.
Esse foi o teor do discurso que Bento XVI dirigiu na manhã desta sexta-feira aos 15 representantes das comunidades muçulmanas presentes na Alemanha, a quem o Papa recebeu na Nunciatura Apostólica de Berlim, antes de seguir viagem rumo a Erfurt.
O Papa afirmou que Igreja Católica está comprometida para que se outorgue o justo reconhecimento à dimensão pública da fé.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Que Jesus nos transforme...

Quando Jesus abria a boca para falar, Suas palavras tornavam realizáveis os Seus gestos e as ações testemunhavam tanto as Suas palavras comor a Sua proveniência. E então todos – em todas as cidades – ouviam falar d’Ele. E a grande maioria tinha imensa curiosidade em conhecê-Lo.
É neste contexto que aparece a passagem de hoje. Constatamos que até Herodes ficou admirado com o que se falava a respeito de Jesus. Provavelmente, contaram sobre o milagre de Caná, das curas dos doentes, da multiplicação dos pães. Por fim, tudo o que parecesse sobrenatural o [Herodes] deixava perplexo e até supersticioso! Eis a razão pela qual pensou logo em João Batista, Elias e os profetas antigos que, uma vez mortos, julgava terem ressurgido.
A dúvida de Herodes fala mais alto: “A João, eu mesmo mandei cortar a cabeça. Mas, quem será então esse homem de quem ouço falar essas coisas?”
A certeza da ressurreição era comum entre os fariseus em oposição aos saduceus, que não acreditavam nesse milagre. Historicamente falando – e segundo esta crença farisaica – os que morreram piedosamente, justos diante de seu Deus, ressuscitariam voltando a viver nesta mesma terra, porém, em um reino de glória completamente sob o domínio de seu Deus. Mentalidade que mais tarde haveria de iluminar a compreensão da ressurreição de Jesus por parte de Seus discípulos judeus.
Mas voltemos ao texto de hoje. Lucas conclui dizendo que Herodes “procurava ver Jesus”. Isso para ter certeza dos sinais e prodígios que ouviu falar sobre Cristo.
Posteriormente, quando Jesus é levado diante de Herodes na Sexta-feira Santa, ele quer vê-Lo realizar alguma “mágica”. Mas Jesus não dirige nem sequer uma palavra para ele. Herodes não merecia nem uma palavra do Senhor. A arrogância dele era desprezível, literalmente. E por isso, Jesus não realizou nenhum milagre diante dele.
Ter a curiosidade “só de ver” e não acreditar no que se ouve dizer – e no que se vê e se apalpa – não tem importância.
Veja que os apóstolos – diferentemente de Herodes – anunciam aos outros a experiência que fizeram do Cristo ressuscitado: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam no tocante ao Verbo da vida – porque a vida se manifestou e nós vimos e testemunhamos, anunciando-vos a vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada – o que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos a fim de que também vós vivais em comunhão conosco. Ora, nossa comunhão é com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para nossa alegria ser completa” (1 Jo 1,1-4)
Quero lhe fazer uma pergunta: Por que você quer ver a Jesus? Até Herodes queria vê-Lo de tanto que ele ouviu falar n’Ele. Normalmente, quando ouvimos falar muito de alguém, ficamos curiosos para conhecê-lo. Você já ouviu alguém lhe dizer: “Ah, então você é o…, ouvi muito falar de você” E então você pergunta a esta pessoa: ”Você ouviu falar bem ou mal de mim?”
Lembre-se de que a fama de Jesus se espalhou e todos vinham ver a palavra do “Jovem Pregador” que tinha tanto amor. Ele fazia todas as pessoas felizes.
E você? Que fama tem? Jesus não só quer ouvir falar muito de você, como também está sempre por perto, pronto para ajudar, caso você precise e peça a ajuda d’Ele. Ele espera ver sua felicidade e, também, ver você fazendo a tantos outros mais felizes. Esta é a fama com a qual Cristo atraiu multidões – e até o próprio Herodes. Faça aos outros felizes e você será feliz hoje e sempre.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os diversos cantos na Eucaristia


1) O “canto de abertura”Deus caminha ao nosso encontro: esse é o sentido da procissão de entrada. Em diversas passagens bíblicas vemos o povo de Deus caminhar, seja em busca da terra prometida, seja em busca de libertação. Ora a caminho de Jerusalém, ora ao encontro de Jesus. É por isso, que na pessoa do sacerdote, aclamamos a Cristo que vem ao nosso encontro, com toda a sua majestade, seu poder e autoridade, para celebrarmos juntos os Mistérios do sacrifício da Missa. O canto de abertura (ou de entrada) está inserido nos ritos iniciais e cumpre o papel de criar comunhão. Uma de suas funções é a de acompanhar a procissão do sacerdote e não para acolher ou receber o sacerdote, pois é este quem acolhe a todos os presentes na assembléia para participarem do grande sacrificio da Santa Missa. Toda a assembléia reunida canta a alegria festiva de reunir-se com os irmãos. Seu mérito é o de convocar a assembléia e, pela fusão de vozes, juntar os corações ao encontro com do Cristo ressuscitado. Este canto tem que deixar a assembléia num estado de ânimo apropriado para a escuta da palavra de Deus, além de deixar claro que festa ou Mistério do tempo litúrgico irá ser celebrado. Todo o povo deve estar envolvido na execução desta canção. Este canto não deve ser longo e deve terminar quando o sacerdote chegar ao altar.

A Função do Salmista


Ir.Miria T.Kolling
Por ser de suma importância o ministério litúrgico do salmista, ele merece um artigo à parte.
Tão importante quanto a do leitor, que proclama a Palavra de Deus, a função de cantar o Salmo de resposta, após a primeira leitura, é também um gesto sacramental, sinal sensível da presença de Deus.
É uma leitura-proclamação, que deve ser cantada de preferência, como um prolongamento meditativo da leitura proclamada. O salmista coloca-se a serviço de Deus, emprestando-lhe sua voz, sua comunicação, seus gestos, sua pessoa.
E coloca-se a serviço da comunidade reunida em assembléia para ouvir a Palavra. Trata-se, portanto, de um conjunto de atitudes a serem assumidas por quem canta o salmo, para que seja expressão do Deus vivo que fala à comunidade, e ao mesmo tempo, resposta orante do povo à Palavra ouvida: o modo como se dirige ao ambão, seu olhar, seus movimentos, sua dicção, o tom e a modulação da voz, enfim todo o modo de cantar e de ser, toda a postura do corpo. Movido(a) pelo Espírito, o(a) salmista proclama com os lábios e o coração a mensagem do texto bíblico, para que o povo escute e acolha o que a Igreja lhe diz naquele dia.
Da parte da assembléia, ela deve ter "os olhos fixos" em quem proclama cantando o Salmo (Lc 4, 20), sem acompanhá-lo, assim como as demais leituras, pelo folheto ou mesmo pela Bíblia. Ele deve ser proclamado do Lecionário Dominical, nossa "Bíblia Litúrgica", segundo Dom Clemente Isnard.

Como saborear a celebração Eucarística

Na liturgia, como na vida, nós nos comunicamos através de sinais e símbolos, o que faz parte do nosso ser corpóreo e humano. A liturgia é feita com “sinais sensíveis”, usados de forma simbólica, e que penetram nossos sentimentos, nossa afetividade, nossa consciência, atingindo nosso ser inteiro... Pe. Libânio, em seu belo livro “Como saborear a celebração eucarística?”, da Editora Paulus, bem nos diz: “Como pessoas em comunhão com o divino, com o memorial da Páscoa de Jesus, carecemos da ponte do simbolismo... A liturgia lança ponte entre Deus e nós. Move-nos até Deus e faz que Deus desça até nós.”
Assim, quanto mais aprofundarmos o conhecimento e a vivência do mistério eucarístico, melhor compreenderemos o sentido do símbolo, mais ele nos falará ao coração e nos ajudará a ir do visível ao mistério invisível e maior de Deus, conduzindo-nos para dentro do próprio Jesus Cristo, nossa páscoa, que celebramos na liturgia.

A força da Eucaristia

A força da Eucaristia

O povo de Deus me pergunta muito como e porque nascem os meus cantos, o que é uma curiosidade interessante, sobretudo em se tratando da música para o culto, para a liturgia. Quando lhes conto das minhas experiências de vida e de Deus que se fazem música, ficam tocados e cantam de modo diferente, como que encarnando os mesmos sentimentos que me inspiraram ao rezar o meu canto, ao cantar a minha prece. Como cada experiência é irrepetível, também cada canto é como um filho único, com uma história particular. 

O canto depois do Vaticano II

O canto após o Concílio Vaticano II Foi exatamente no desejo de volta às fontes, visando a participação ativa e consciente do povo na liturgia, que se realizou o Concílio Vaticano II, precedido pelo Movimento Bíblico e Litúrgico, após longo período em que a música se reduziu ao canto gregoriano e à polifonia sacra, silenciando o canto do povo. Aconteceu então o Concílio Vaticano II, um “Novo Pentecostes”, inspirado pelo Espírito Santo ao bondoso Papa João XXIII, em 1962. Ele trouxe à luz a “Sacrosanctum Concilium”, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, primeiro documento conciliar, cujo “ponto de partida já não é a música sacra, mas o mistério da salvação celebrado pela Igreja como um acontecimento vivo que santifica os homens e contribui para o culto que se presta ao Pai.”(“A Liturgia da Igreja – Teologia, História, Espiritualidade e Pastoral”, de Julián López Martín – Paulinas Editora) O ponto culminante da história da salvação e, pois, o centro da vida e da liturgia cristã, é o Mistério Pascal de Jesus Cristo – sua vida, paixão, morte e ressurreição, de onde nasceu a Igreja, comunidade dos que celebram essa Páscoa. Nossa referência, pois, é a Liturgia de Cristo, que prestou o culto perfeito ao Pai. 

A música na Bíblia...

A música na Bíblia... Como linguagem da comunicação, manifestação dos sentimentos e mais alta expressão da alma, a música é tão antiga quanto a humanidade. Para alguns autores, é anterior à palavra, e só pode ser de origem divina. Não há povo, desde a antiguidade, onde não se encontrem manifestações musicais, uma vez que o próprio homem é um ser musical. Seu instrumento primeiro e natural é a voz, que produz o som, acompanhada do ritmo, no gesto de bater as mãos... De modo que o culto pela música sempre acompanhou os povos desde os tempos mais antigos, através do som e do ritmo, os dois elementos fundamentais da música, evoluindo aos poucos para a fabricação de instrumentos e para o canto, uníssono e coral. O povo de Israel sempre usou o canto e a música nas festas e celebrações religiosas. A Bíblia faz centenas de referências à música e ao canto, presentes na vida e caminhada do povo desde sua origem - o Gênesis, que cita Jubal, o primeiro a tocar o Kinnôr, espécie de harpa, até seu destino final glorioso narrado no Apocalipse, com o som de trombetas acompanhando o cântico novo dos redimidos pelo Sangue do Cordeiro... Um canto para celebrar a ação salvífica de Deus em sua história; um canto como sinal e instrumento do mistério; um canto para transmitir uma mensagem e solenizar as festas; um canto feito clamor jubiloso ou triste lamento, unido à poesia e à dança, em geral acompanhado de instrumentos diversos.

Vida de oração Litúrgica...

Instrumentistas e instrumentos musicais
Já sabemos que na liturgia a música serve de apoio, está a serviço da Palavra de Deus, da oração, do culto. Cantando, nós proclamamos o mistério pascal de Jesus Cristo e fazemos memória de sua morte e ressurreição. Assim o fizeram os primeiros cristãos, cantando seus salmos, hinos bíblicos e cânticos espirituais. Assim o fazemos nós, celebrando nossa fé, até que o Senhor venha em sua glória.
Por isso, a voz humana tem sempre a primazia sobre os instrumentos; a música vocal é mais importante que a instrumental, por ser palavra cantada, voz que reza, implora, louva, agradece, pede perdão, se alegra, aclama e dá graças...
No início do cristianismo, durante os primeiros séculos, com algumas exceções, não havia o uso de instrumentos, justamente para não distrair os fiéis ou lembrar os cultos pagãos. Neste sentido diz São Jerônimo: “Quem poderá encontrar o temor a Deus onde soam os tambores, grita a flauta, trina a lira e ressoa o címbalo?...” (Manual de Liturgia II – CELAM, Editora Paulus).
Mais tarde, os instrumentos começaram a ser admitidos, dando-se especial destaque ao órgão, instrumento litúrgico por excelência, por criar um clima de festa e alegria, solenizando os atos litúrgicos e favorecendo o canto da comunidade. Além do órgão, outros foram acrescentados, porque “podem ajudar com eficácia a conseguir a finalidade da música sagrada, desde que nada tenham de profano, de barulhento, de rumoroso, coisas essas que não se harmonizam com a função sagrada ou com a seriedade do lugar”, conforme Pio XII no documento Musicae Sacrae Disciplina ( nr. 29).

A beleza no Canto Liturgico


Ir. Miria Therezinha Kolling, icm*
1. Introdução

Ouvindo, como ouço no momento, o mundialmente famoso grupo vocal The Swingle Singers, que interpreta a música sacra, quase divina, dos nossos geniais compositores clássicos, cantando-os a oito vozes, dou-me conta, uma vez mais, de que a música é mesmo “mediadora da transcendência”, a linguagem do belo, o caminho privilegiado para chegar a Deus, Beleza infinita! Deixo-me impregnar por essa música reveladora do cantar do céu e abro o coração ao Espírito-Amor, ele que, no dizer de santo Inácio de Antioquia, é como a cítaraque toca as cordas do nosso coração e nos faz vibrar em sintonia com o Divino Músico, em unidade com os irmãos. E deixo-me comover às lágrimas, como santo Agostinho, ao ouvir os cânticos da igreja de santo Ambrósio, em Milão, no início da sua conversão, “não tanto pelo canto quanto pelo que vem cantado, se a execução é feita por uma bela voz e com adequada modulação”.


Não, a música não é só expressão dos sentimentos nem tem como finalidade apenas o prazer estético, nosso deleite humano, ao ser concebida como o conjunto de sons ordenados entre si, arte pela arte. Para nós, cristãos, ela é, sim, linguagem do sagrado, mediação para nos abrirmos ao infinitamente Outro, um meio de comunicação que favorece nosso encontro com aquele que é o Criador de toda a beleza, com o Salvador que re-criou o belo, o justo e o verdadeiro com seu mistério pascal e com o Santo Espírito, sopro de vida e unidade que habita nosso interior, fazendo-nos participar da comunhão trinitária de Deus. Assim, pela música, chegamos ao coração de Deus e Deus desce a nós, uma vez que Cristo, o divino músico, expressão do canto de Deus, pela sua encarnação, nos veio trazer o canto do céu, ensinando-nos a fazer da vida e do mundo a grande sinfonia do amor sob a sua perfeita regência.

domingo, 18 de setembro de 2011

Quem tem ouvidos oiça...

Naquele tempo, 4reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram.
 
6Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia humidade. 7Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”.
Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.

9Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. Jesus respondeu: 10“A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam”.
11A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem.

13Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.