sábado, 20 de agosto de 2011

Discurso do Papa na via-sacra da JMJ de Madrid

Queridos jovens!

Com piedade e fervor, celebrámos esta Via-Sacra, acompanhando Cristo na sua Paixão e Morte. As reflexões das Irmãzinhas da Cruz, que servem aos mais pobres e desvalidos, facilitaram-nos a entrada nos mistérios da gloriosa Cruz de Cristo, que encerra a verdadeira sabedoria de Deus, aquela que julga o mundo e quantos se creem sábios (cf. 1 Cor 1, 17-19). Neste itinerário para o Calvário, ajudou-nos também a contemplação destas imagens extraordinárias do património religioso das dioceses espanholas. São imagens onde se harmonizam a fé e a arte para chegar ao coração do homem e convidá-lo à conversão. Quando é límpido e autêntico o olhar da fé, a beleza coloca-se ao seu serviço e é capaz de representar os mistérios da nossa salvação a ponto de nos tocar profundamente e transformar o nosso coração, como sucedeu a Santa Teresa de Ávila ao contemplar uma imagem de Cristo coberto de chagas (cf. Livro da Vida, 9, 1).

À medida que íamos avançando com Jesus até chegar ao cimo da sua entrega no Calvário, vinham-nos à mente as palavras de São Paulo: «Cristo amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gal 2, 20). À vista de um amor assim desinteressado, cheios de admiração e reconhecimento perguntamo-nos agora: Que havemos nós de fazer por Ele? Que resposta Lhe daremos? São João no-lo diz claramente: «Foi com isto que conhecemos o amor: Ele, Jesus, deu a sua vida por nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3, 16). A paixão de Cristo incita-nos a carregar sobre os nossos ombros o sofrimento do mundo, com a certeza de que Deus não é alguém distante ou alheio ao homem e às suas vicissitudes; pelo contrário, fez-Se um de nós «para poder padecer com o homem, de modo muito real, na carne e no sangue (…). A partir de lá entrou em todo o sofrimento humano alguém que partilha o sofrimento e a sua suportação; a partir de lá propaga-se em todo o sofrimento a con-solatio, a consolação do amor solidário de Deus, surgindo assim a estrela da esperança» (Spe salvi, 39).

Queridos jovens, que o amor de Cristo por nós aumente a vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos. Vós que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes. As diversas formas de sofrimento, que foram desfilando diante dos nossos olhos ao longo da Via-Sacra, são apelos do Senhor para edificarmos as nossas vidas seguindo os seus passos e para nos tornarmos sinais do seu conforto e salvação. «Sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente: estes são elementos fundamentais de humanidade, o seu abandono destruiria o mesmo homem» (Ibid., 39).

Oxalá saibamos acolher estas lições e pô-las em prática. Com tal finalidade, olhemos para Cristo, suspenso no duro madeiro, e peçamos-Lhe que nos ensine esta misteriosa sabedoria da cruz, graças à qual vive o homem. A cruz não foi o desfecho de um fracasso, mas o modo de exprimir a entrega amorosa que vai até à doação máxima da própria vida. O Pai quis amar os homens no abraço do seu Filho crucificado por amor. Na sua forma e significado, a cruz representa esse amor do Pai e de Cristo pelos homens. Nela reconhecemos o ícone do amor supremo, onde aprendemos a amar o que Deus ama e como Ele o faz: esta é a Boa Nova que devolve a esperança ao mundo.

Voltemos agora os nossos olhos para a Virgem Maria, que nos foi entregue por Mãe no Calvário, e supliquemos-Lhe que nos apoie com a sua amorosa proteção no caminho da vida, particularmente quando passarmos pela noite da dor, para conseguirmos permanecer como Ela firmes ao pé da cruz. Muito obrigado.

Ponde os olhos Nele...

Homilia do Papa na missa com seminaristas na JMJ de Madrid

Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid,
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos sacerdotes e religiosos,
Queridos reitores e formadores,
Queridos seminaristas,
Meus amigos!
Sinto uma profunda alegria ao celebrar a Santa Missa para todos vós, que aspirais a ser sacerdotes de Cristo para o serviço da Igreja e dos homens, e agradeço as amáveis palavras de saudação com que me acolhestes. Hoje esta Catedral de Santa Maria a Real da Almudena lembra um imenso cenáculo onde o Senhor desejou ardentemente celebrar a Sua Pascoa com todos vós que um dia desejais presidir em seu nome os mistérios da salvação. Vendo-vos, comprovo de novo como Cristo continua chamando jovens discípulos para fazer deles seus apóstolos, permanecendo assim viva a missão da Igreja e a oferta do evangelho ao mundo. Como seminaristas, estais a caminho para uma meta santa: ser continuadores da missão que Cristo recebeu do Pai. Chamados por Ele, seguistes a sua voz; e, atraídos pelo seu olhar amoroso, avançais para o ministério sagrado. Ponde os vossos olhos n’Ele, que, pela sua encarnação, é o revelador supremo de Deus ao mundo e, pela sua ressurreição, é a fiel realização da sua promessa. Dai-Lhe graças por este sinal de predileção que reserva para cada um de vós.

A primeira leitura que escutámos mostra-nos Cristo como o novo e definitivo sacerdote, que fez uma oferta total da sua existência. A antífona do salmo aplica-se perfeitamente a Ele, quando, ao entrar no mundo, Se dirigiu a seu Pai dizendo: «Eis-me aqui para fazer a tua vontade» (cf. Sal 39, 8-9). Procurava agradar-Lhe em tudo: ao falar e ao agir, percorrendo os caminhos ou acolhendo os pecadores. A sua vida foi um serviço, e a sua dedicação abnegada uma intercessão perene, colocando-Se em nome de todos diante do Pai com Primogénito de muitos irmãos. O autor da Carta aos Hebreus afirma que, através desta entrega, nos tornou perfeitos para sempre, a nós que estávamos chamados a participar da sua filiação (cf. Heb 10, 14).

A Eucaristia, de cuja instituição nos fala o evangelho proclamado (cf. Lc 22, 14-20), é a expressão real dessa entrega incondicional de Jesus por todos, incluindo aqueles que O entregavam: entrega do seu corpo e sangue para a vida dos homens e para a remissão dos pecados. O sangue, sinal da vida, foi-nos dado por Deus como aliança, a fim de podermos inserir a força da sua vida onde reina a morte por causa do nosso pecado, e assim destruí-lo. O corpo rasgado e o sangue derramado de Cristo, isto é, a sua liberdade sacrificada, converteram-se, através dos sinais eucarísticos, na nova fonte da liberdade redimida dos homens. N’Ele temos a promessa duma redenção definitiva e a esperança segura dos bens futuros. Por Cristo, sabemos que não estamos caminhando para o abismo, para o silêncio do nada ou da morte, mas seguindo para a terra prometida, para Ele que é nossa meta e também nosso princípio.

Queridos amigos, vos preparais para ser apóstolos com Cristo e como Cristo, para ser companheiros de viagem e servidores dos homens. Como haveis de viver estes anos de preparação? Em primeiro lugar, devem ser anos de silêncio interior, de oração permanente, de estudo constante e de progressiva inserção nas atividades e estruturas pastorais da Igreja. Igreja, que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo pelo seu Espírito Santo e simultaneamente resultado de quanto a configuramos com a nossa santidade e com os nossos pecados. Assim o quis Deus, que não se incomoda de tomar pobres e pecadores para fazer deles seus amigos e instrumentos para redenção do género humano. A santidade da Igreja é, antes de mais nada, a santidade objetiva da própria pessoa de Cristo, do seu evangelho e dos seus sacramentos, a santidade daquela força do alto que a anima e impele. Nós devemos ser santos para não gerar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar.

Meditai bem este mistério da Igreja, vivendo os anos da vossa formação com profunda alegria, em atitude de docilidade, de lucidez e de radical fidelidade evangélica, bem como numa amorosa relação com o tempo e as pessoas no meio de quem viveis. É que ninguém escolhe o contexto nem os destinatários da sua missão. Cada época tem os seus problemas, mas Deus dá em cada tempo a graça oportuna para os assumir e superar com amor e realismo. Por isso, em toda e qualquer circunstância em que se encontre e por mais dura que esta seja, o sacerdote tem de frutificar em toda a espécie de boas obras, conservando sempre vivas no seu íntimo aquelas palavras do dia da sua Ordenação com que se lhe exortava a configurar a sua vida com o mistério da cruz do Senhor.

Configurar-se com Cristo comporta, queridos seminaristas, identificar-se sempre mais com Aquele que por nós Se fez servo, sacerdote e vítima. Na realidade, configurar-se com Ele é a tarefa em que o sacerdote há de gastar toda a sua vida. Já sabemos que nos ultrapassa e não a conseguiremos cumprir plenamente, mas, como diz São Paulo, corremos para a meta esperando alcançá-la (cf. Flp 3, 12-14).

Mas Cristo, Sumo Sacerdote, é igualmente o Bom Pastor, que cuida das suas ovelhas até ao ponto de dar a vida por elas (cf. Jo 10, 11). Para imitar nisto também o Senhor, o vosso corações tem de ir amadurecendo no Seminário, colocando-se totalmente à disposição do Mestre. Dom do Espírito Santo, esta disponibilidade é que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação.

Pedi-Lhe, pois, que vos conceda imitá-Lo na sua caridade até ao fim para com todos, sem excluir os afastados e pecadores, de tal forma que, com a vossa ajuda, se convertam e voltem ao bom caminho. Pedi-Lhe que vos ensine a aproximar-vos dos enfermos e dos pobres, com simplicidade e generosidade. Afrontai este desafio sem complexos nem mediocridade, mas antes como uma forma estupenda de realizar a vida humana na gratuidade e no serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da dignidade altíssima da pessoa humana e, consequentemente, seus defensores incondicionais. Apoiados no seu amor, não vos deixeis amedrontar por um ambiente onde se pretende excluir Deus e no qual os principais critérios por que se rege a existência são, frequentemente, o poder, o ter ou o prazer. Pode acontecer que vos desprezem, como se costuma fazer com quem aponta metas mais altas ou desmascara os ídolos diante dos quais muito se prostram hoje. Será então que uma vida profundamente radicada em Cristo se revele realmente como uma novidade, atraindo com vigor a quantos verdadeiramente procuram Deus, a verdade e a justiça.

Animados pelos vossos formadores, abri a vossa alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer coragem e autenticidade, é o vosso, avançando para o sacerdócio só se estiverdes firmemente persuadidos de que Deus vos chama para ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo às disposições da Igreja.

Com esta confiança, aprendei d’Aquele que Se definiu a Si mesmo como manso e humilde de coração, despojando-vos para isso de todo o desejo mundano, de modo que não busqueis o vosso próprio interesse, mas edifiqueis, com a vossa conduta, aos vossos irmãos, como fez o santo padroeiro do clero secular espanhol São João de Ávila. Animados pelo seu exemplo, olhai sobretudo para a Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes. Ela saberá forjar a vossa alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e vos ensinará incessantemente a guardar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amen.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Praça de Cibeles repleta para receber Bento XVI

Organização espera milhares de jovens para as boas-vindas ao Papa em Madrid

Centenas de milhares de jovens estão reunidos desde as primeiras horas de hoje na Praça de Cibeles, centro de Madrid, para participarem na celebração de boas-vindas a Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011.
A poucas horas do evento, os participantes ensaiam cânticos, dançam e assistem a projeções de vídeo, enquanto procuram o melhor lugar para ver o Papa, que seguirá desde a Nunciatura até à Porta de Alcalá, pouco antes da emblemática praça.
Bento XVI vai plantar uma oliveira neste primeiro encontro com os jovens, junto à porta, para criar “um sinal visível do enraizamento que é o lema destas jornadas”, indica o guia das celebrações litúrgicas publicado pelo Vaticano.
Bento XVI chegou à capital espanhola às 12h00 (menos uma em Lisboa) e vai encontrar-se com os jovens vindos de mais de uma centena e meia de países a partir das 19h15, atravessando a referida porta, na Praça da Independência, acompanhado pelo arcebispo de Madrid, cardeal Rouco Varela, e por 50  jovens representantes dos cinco continentes, a caminho da Praça de Cibeles.
Esta porta monumental, mandada construir pelo rei Carlos III, servia no século XVIII como entrada a todos os que ali chegavam, provenientes do resto da Europa.
Apesar das várias estradas cortadas e de uma greve parcial do Metro de Madrid, os jovens continuam a acorrer em grande número ao local, onde a animação começou às 14h00.
Na Porta de Alcalá, Alberto Ruiz-Gallardón, presidente do município de Madrid, vai entregar as chaves da cidade ao Papa.
Segue-se um pequeno momento de oração, no qual vão ser lembrados “todos os perseguidos por causa do evangelho”, para além dos “pobres e marginalizados”, os que “não têm casa nem trabalho” ou os que “passam fome e sede”.
Esta é a terceira visita de Bento XVI a Espanha, após as passagens por Valência (2006), Santiago de Compostela e Barcelona (2010).
Trata-se também da terceira viagem do atual Papa à cidade que acolhe as JMJ, depois de Colónia (Alemanha, 2005) e Sidney (Austrália, 2008).
A JMJ 2011 decorre desde terça-feira e até domingo, na capital espanhola, onde são esperados mais de um milhão de peregrinos, a quem se vai juntar o Papa Bento XVI, nos últimos quatro dias do maior evento juvenil organizado pela Igreja Católica.
O portal Agência ECCLESIA está a acompanhar 26ª edição da Jornada Mundial da Juventude com uma onde além de notícias atualizadas se inclui a  criada para o evento, bem como vídeos e ligações para as emissões em direto de televisão e rádio.


Bento XVI apela a «respeitosa convivência com outras legítimas opções» e exige «o devido respeito» pelas dos católicos

O Papa denunciou hoje as injustiças por motivos religiosos que vitimam os cristãos, durante o primeiro  que proferiu em Espanha, onde até domingo participa na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Há muitos que, por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países”, afirmou o Papa no aeroporto de Barajas, em Madrid, minutos depois de chegar à capital espanhola.
Bento XVI criticou também as ideologias que querem afastar os jovens de Cristo, “privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome”, tendo apelado aos fiéis para se manterem firmes na fé.
“Volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: Que nada e ninguém vos tire a paz, disse o Papa, que apelou a um testemunho dos católicos “sem ocultar a própria identidade cristã, num clima de respeitosa convivência com outras legítimas opções e exigindo ao mesmo tempo o devido respeito pelas próprias”.

O discurso lembrou os problemas experimentados pelos jovens, nomeadamente a “dificuldade de encontrar um trabalho digno”, a perda de emprego ou um estatuto laboral “muito precário”, enquanto que outros “precisam de prevenção para não cair na rede das drogas, ou de uma ajuda eficaz, caso desgraçadamente já tenham caído nela”.

A intervenção salientou os objetivos da viagem à capital espanhola: “Venho aqui para me encontrar com milhares de jovens de todo o mundo, católicos, interessados por Cristo ou à procura da verdade que dê sentido genuíno à sua existência”.
A pertença religiosa “revigora os jovens e abre os seus olhos para os desafios do mundo onde vivem, com as suas possibilidades e limitações”, frisou o Papa, que aludiu à “superficialidade”, “consumismo” e “hedonismo imperantes”, bem como à “banalidade na vivência da sexualidade”, “egoísmo” e “corrupção”.
Os jovens “sabem que, sem Deus, seria difícil afrontar estes desafios e ser verdadeiramente felizes”, afirmou Bento XVI, depois do discurso de boas vindas proferido pelo rei Juan Carlos.
O encontro, assinalou o Papa, constitui para os jovens “uma ocasião privilegiada para colocar em comum as suas aspirações, trocar reciprocamente a riqueza das suas culturas e experiências” e “animar-se mutuamente num caminho de fé”, no qual, ressaltou, “não estão sozinhos”.
Depois de salientar que a JMJ traz uma “mensagem de esperança” que traz “confiança face ao amanhã da Igreja e do mundo”, Bento XVI disse que é “urgente” ajudar os jovens a “permanecerem firmes na fé e a assumirem a maravilhosa aventura de anunciá-la e testemunhá-la abertamente com a sua própria vida”.
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses

Bento XVI recusa educação utilitária e desafia professores a serem exemplares para os alunos

«Quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos»


Bento XVI na basílica de São Lourenço do Escorial. 19-08-2011
Bento XVI alertou hoje para os perigos de um ensino superior baseado exclusivamente no utilitarismo, tendo desafiado os professores universitários a serem exemplares para os alunos e a procurarem a verdade com humildade.
“Quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos: desde os abusos duma ciência que não reconhece limites para além de si mesma, até ao totalitarismo político que se reanima facilmente quando é eliminada toda a referência superior ao mero cálculo de poder”, sublinhou.
As afirmações foram proferidas esta manhã na basílica de São Lourenço do Escorial, a 50 km de Madrid, perante 1500 jovens docentes do ensino superior inscritos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), provenientes de instituições católicas espanholas e de outros países.
A “genuína ideia de universidade” evita a “visão reducionista e distorcida do humano”, integrando “um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a um lógica utilitarista de simples mercado, que olha para o homem como mero consumidor”, frisou.

Na  proferida no mosteiro do século XVI, “testemunho eloquente” de uma “vida de oração e estudo”, o Papa salientou que a universidade deve continuar a ser “a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana” e recordou que não foi “uma casualidade” ter sido a Igreja a promovê-la.

Os professores, vincou Bento XVI, têm a “honra e a responsabilidade” de transmitir um ideal recebido dos “mais velhos, muitos deles humildes seguidores do Evangelho e que, como tais, se converteram em gigantes do espírito”.
“Devemos sentir-nos seus continuadores, numa história muito diferente da deles mas cujas questões essenciais do ser humano continuam a exigir a nossa atenção convidando-nos a ir mais longe”, disse o Papa no interior do monumento em cuja cripta estão enterrados os reis de Espanha.
O discurso, proferido após a saudação do arcebispo de Madrid, cardeal Rouco Varela, e de um estudante, ressaltou a importância da “exemplaridade que se exige de todo o bom educador”, apelou aos professores para serem “estímulo e fortaleza” para os estudantes e acentuou que o ensino “não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens”.
O termo “verdade”, utilizado 15 vezes na tradução portuguesa da alocução, pontuou a intervenção do Papa, que insistiu na necessidade de a procurar através da “inteligência e do amor, da razão e da fé”, ainda que ela esteja “para além” do alcance do ser humano.
“Podemos procurá-la e aproximar-nos dela, mas não possuí-la totalmente; antes, é ela que nos possui a nós e estimula”, referiu, acrescentando que “a humildade é também uma virtude indispensável, pois protege da vaidade que fecha o acesso à verdade.”
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza até domingo sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses.

Bento XVI destaca testemunho da Vida Consagrada num mundo dominado pelo «relativismo e mediocridade»

Papa encontrou-se hoje em Madrid com mais de 1600 jovens religiosas, no âmbito do programa das Jornadas Mundiais da Juventude

Bento XVI destacou hoje a importância da Vida Consagrada enquanto testemunha de um sentimento de “pertença a Deus sumamente amado”, num mundo dominado pelo “relativismo e mediocridade”.
“O encontro pessoal com Cristo que alimenta a vossa consagração deve revelar-se, com toda a sua força transformadora, nas vossas vidas; e adquire uma especial relevância hoje, quando se "constata uma espécie de ‘eclipse de Deus’”, realçou o Papa, num encontro com cerca de 1600 jovens religiosas, realizado no Pátio dos Reis de El Escorial, a 50 km de Madrid.
Na iniciativa, integrada no programa das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), evento da Igreja Católica que a capital espanhola está a acolher até ao próximo domingo na capital espanhola, Bento XVI lembrou que a força da vida consagrada “nasce da escuta da Palavra de Deus e acolhe o Evangelho como sua norma de vida”.
O Papa incentivou as irmãs a transmitirem aos outros esta “radicalidade da vida evangélica” através da “vida contemplativa” e do trabalho missionário, junto da comunidade.
“A Igreja precisa da vossa fidelidade jovem, arraigada e edificada em Cristo”, concluiu, lembrando o lema da JMJ 2011.
A chegada do Papa ao recinto, esta manhã, foi saudada efusivamente por membros de mais de 294 congregações e institutos, vindas maioritariamente de Espanha.
Falando em nome de todas as jovens consagradas, a irmã Belém, da congregação das Servas de Maria, agradeceu a “estima” de Bento XVI por toda a vida religiosa e garantiu disponibilidade máxima no serviço à Igreja Católica.
“Queremos oferecer ao Papa a nossa total entrega a Cristo, queremos dizer que a Cruz que recebeu não a leva sozinho, conte connosco”, declarou.
O arcebispo de Madrid, cardeal Antonio Maria Rouco Varela, aproveitou a ocasião para elogiar a contribuição das religiosas na preparação da JMJ.
“São elas que trazem a espiritualidade a estas jornadas”, realçou.
Bento XVI prosseguiu depois para um encontro com professores universitários, dentro da Basílica de São Lourenço, ainda no Pátio dos Reis.
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza até domingo sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses.

A Juventude de Bento XVI


A “juventude tranquila” de Bento XVI


Caloroso dia de espera para os participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madri, que invadiram as ruas para participar das diferentes atividades culturais previstas, entre cinema, música clássica e atual, exposições de arte, entre outras.
São rios intermináveis de jovens vestidos com alegres camisetas coloridas, bonés e bandeiras, que cantam a todo pulmão ou se cumprimentam com um “hola” pronunciado com os mais diversos sotaques. Uma juventude alegre e tranquila percorre a cidade: bandeiras da Malásia, Brasil, Colômbia, Austrália, França, Itália, Estados Unidos, e sobretudo o vermelho da Espanha e da JMJ, cobrem as ruas e estabelecimentos.
Após assistir às diversas catequeses por idiomas, realizadas durante a manhã em várias igrejas e centros pastorais de Madri, a maior parte dos jovens acudiu massivamente ao parque madrileno do Retiro para participar da Festa do Perdão.
De hoje até o próximo sábado, mais de 200 confessionários, preparados ad hoc em um recinto afastado do parque, acolhem um interminável rio de jovens que buscam a confissão com sacerdotes de diversos idiomas.
E não são somente os jovens: não é raro encontrar pessoas idosas, famílias, entre outros, que vão atraídas pela alegria que se respira nas ruas há dois dias. Algumas senhoras anciãs param para conversar com os jovens, perguntam-lhes de onde vêm. Uma idosa paralítica se uniu a um grupo vietnamita procedente dos EUA, na paróquia de San Francisco el Grande: “Não entendo o que eles estão falando, mas é maravilhoso vê-los”, comentou.
Vários lugares atraem os jovens: as fontes, o lago e a sombra dar árvores do Retiro, em uma tentativa de combater o intenso calor. Outro dos lugares que os atrai é a barraca de adoração eucarística, aberta desde a terça-feira, dia e noite, enquanto durar a JMJ.
Há também um interminável ir e vir de jovens nos stands da Feira Vocacional, onde param para conversar com religiosos e missionários das diversas congregações presentes. “Muitos chegam ao nosso stand pedindo para anotar-se como voluntários para as missões de verão”, informam as Pontifícias Obras Missionárias.
Hoje também começaram os diversos atos do programa cultural, concebido como meio de difusão da cultura cristã em suas diversas expressões: além das visitas guiadas ao Museu do Prado e outros museus de arte, várias igrejas habilitaram mostras históricas sobre as importantes famílias religiosas da Igreja.
Foi organizada também uma exposição sobre a Sagrada Família de Gaudí, a mostra de arte contemporânea preparada pela Fundação Pons, e outra sobre a Teologia do Corpo de João Paulo II; uma sobre os cristãos perseguidos e outra sobre os missionários jovens que a Espanha tem distribuídos pelo mundo inteiro.
Por outro lado, em Fuencarral, a “avenida do cinema” de Madri, estrearam hoje vários filmes de conteúdo cristão, como “The Human experience”, “A Madre Teresa” e “There be dragons”. É uma experiência exitosa, pois as salas ficaram lotadas.
Poucos incidentes
No centro da cidade, uma marcha de protesto contra o Papa, da qual participaram cerca de 2 mil pessoas, protagonizou certos momentos de tensão ao cruzar-se com os jovens peregrinos. Em alguns casos, a polícia teve de intervir, cortando o acesso à Puerta del Sol.
Outro detido é um jovem de nacionalidade mexicana, voluntário, que supostamente planejava atentar contra essa mesma marcha de protesto.
No entanto, a maior parte das intervenções das forças de segurança foram para orientar e controlar o fluxo dos peregrinos em meio ao tráfego urbano, assim como de vigilância ao acesso de edifícios, para evitar aglomerações.
Em declarações à imprensa espanhola, o responsável pelo dispositivo policial presente na cidade qualificou o dia de hoje como “tranquilo” e “sem incidentes”.

GPS Espiritual...


Card. Maradiaga apresenta “GPS espiritual” a jovens

Em sua primeira catequese durante a Jornada Mundial da Juventude


 O cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga propôs aos jovens que participam da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) um “GPS espiritual” orientado sobre três satélites de sintonização simultânea: “a Palavra de Deus, o Pão da Vida e Nossa Senhora, a porta que nos abre para Jesus”.
Seguindo o lema da JMJ, “Firmes na fé”, o arcebispo de Tegucigalpa e presidente da Cáritas Internacional ofereceu, na manhã de ontem, na paróquia madrilena de Nossa Senhora da Europa, a primeira das três catequeses que ministrará ao longo do evento.
Diante de centenas de jovens procedentes de diversos países do mundo, o purpurado começou com um canto – imediatamente acompanhado por todo o auditório – que serviria como fio condutor de toda a sua catequese: “Que cada um, com o que recebeu, se coloque ao serviço dos outros. Os dons não são para ser escondidos, mas para o serviço estão”.
Construir comunidade através da fé
“Como estão os alicerces da nossa fé?”: esta pergunta serviu para que o cardeal Maradiaga desenvolvesse uma catequese centralizada na reflexão sobre a fortaleza da nossa vida, à qual se referiu como “uma construção que não se leva a cabo facilmente quando não se conta com a rocha firme que é o Senhor, sobre a qual deve fundamentar-se esse processo”.
Neste sentido, convocou os jovens a “construir sobre rocha, escutando a Palavra e colocando-a em prática”.
Somente assim, afirmou, poderemos “ser pedras vivas, que amam a vida e defendem a vida, que constroem a comunidade que é a Igreja”; e isso é possível porque, “ainda que sejamos, nesta manhã aqui, de países diferentes e de culturas diversas, temos uma mesma fé, que faz com que a construção seja sólida”.
Um “GPS espiritual”
Dos fundamentos da fé, o cardeal passou a analisar os efeitos que essa ausência de fundamentos tem no mundo contemporâneo, já que, como indicou, “a ausência de Deus é a origem de todas as crises atuais”.
Para o presidente da Cáritas Internacional, “se o ponto de referência deixa de ser Deus, a sociedade fica desorientada; e é chamativo que, em um mundo como o atual, que conta com tecnologias tão adiantadas de orientação, como o GPS, a sociedade esteja tão desorientada”.
Ele propôs, a este respeito, articular um “GPS espiritual” sobre três satélites de sintonização simultânea: “a Palavra de Deus, o pão da Vida e Nossa Senhora, a porta que nos abre para Jesus”.
Ser testemunhas da fé
O cardeal Maradiaga concluiu sua catequese com uma exortação aos jovens que participam das sessões da JMJ a serem “testemunhas da fé e a viver uma verdade que não está isolada da vida, a estar firmes na fé, que é a fonte que nos oferece razões para viver, para lutar, para amar, para a paz, para ser felizes, porque a felicidade não se alcança buscando-a, mas fazendo os outros felizes”.
“A fé – afirmou, retomando a ideia inicial da sua catequese – é fundamento de certezas em um momento em que o duradouro não está na moda e em que querem nos fazer acreditar que a fé é algo descartável.”

Enraizados em Cristo...


Viver a fé com liberdade é um dos maiores desafios atuais, segundo Papa

“Venho aqui para me encontrar com milhares de jovens de todo o mundo, católicos, interessados por Cristo ou à procura da verdade que dê sentido genuíno à sua existência.”
Estas foram as primeiras palavras de Bento XVI ao chegar a Madri hoje, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em um discurso no qual o Pontífice falou especialmente das dificuldades que muitos jovens cristãos enfrentam para viver e manifestar suas crenças.
O Papa Bento XVI partiu, com 10 minutos de atraso com relação ao horário previsto, às 9h30 da manhã, do aeroporto Roma-Ciampino, em um A320 de Alitalia, rumo à Espanha, acompanhado pelo seu secretário pessoal, Georg Gaenswein, pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, pelo substituto, Dom Giovanni Angelo Becciú, e outros 30 membros do séquito papal, bem como cerca de 50 jornalistas acreditados no voo papal.
Ao chegar ao aeroporto internacional de Barajas, o Santo Padre foi recebido pelos Reis da Espanha, pelo núncio, Dom Renzo Frattini, e pelo cardeal Antonio María Rouco Varela, arcebispo de Madri.
Também foi acolhido por um simpático grupo de crianças vestidas com o uniforme da Guarda Suíça, como em outras visitas anteriores do Papa à Espanha, e por cerca de 2 mil jovens. Por parte das autoridades civis, esteve na cerimônia uma representação do Parlamento espanhol, encabeçada pelo presidente do Conselho, José Bono.
Da parte eclesiástica, estiveram presentes o presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanisław Ryłko, o secretário do dicastério, Dom Josef Clemens, o bispo auxiliar de Madri e coordenador da JMJ, Dom Cesar Franco, além de 20 bispos espanhóis.
Em seu breve discurso no aeroporto, o Papa Bento XVI afirmou que este encontro mundial de jovens traz “uma mensagem de esperança, como uma brisa de ar puro e juvenil, com aromas renovadores que nos enchem de confiança face ao amanhã da Igreja e do mundo”.
O Pontífice quis ressaltar a importância da JMJ como expressão pública da fé dos jovens, bem como a necessidade, na Igreja, de reforçar esta mesma fé, em uma época em que estas manifestações acabam sendo difíceis.
Destacou também, entre os maiores desafios que os jovens devem superar hoje, além da crise e do vazio moral, as dificuldades econômicas e as incertezas, precisamente a do secularismo, que pretende afogar a presença do âmbito religioso.
Muitos jovens, afirmou, “por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países”.
“Molestam-lhes querendo afastá-los d’Ele, privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome.”
Neste contexto, sublinhou, “é urgente ajudar os jovens discípulos de Jesus a permanecerem firmes na fé e a assumirem a maravilhosa aventura de anunciá-la e testemunhá-la abertamente com a sua própria vida. Um testemunho corajoso e cheio de amor pelo homem irmão, ao mesmo tempo decidido e prudente, sem ocultar a própria identidade cristã, num clima de respeitosa convivência com outras legítimas opções e exigindo ao mesmo tempo o devido respeito pelas próprias”.
“Eu volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: que nada e ninguém lhes tire a paz; não tenham vergonha do Senhor”, exortou o Papa.
Por sua parte, o Rei da Espanha, em seu discurso de boas-vindas, insistiu na preocupação pela crise de valores que a sociedade atravessa hoje. “Estes não são tempos fáceis para uma juventude tantas vezes frustrada por falta de horizontes pessoais e trabalhistas, que se rebela diante dos graves problemas que afetam o ser humano e o mundo de hoje”, reconheceu o monarca.
Os jovens precisam “não somente de oportunidades, mas também da exemplaridade dos mais velhos; não somente de razões, mas de atitudes que motivem, preencham e impulsionem a sua existência e alimentem a sua esperança”.
“Experimentar o anseio pelo que é realmente grande faz parte do ser jovem”, acrescentou

Dois Mandamentos que se resumem no amor...


Mt 22,34-40
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Ele respondeu: "'Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento.
Ora, o segundo lhe é semelhante: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos". 

O amor a Deus e ao próximo. 
Este episódio é relatado pelos três evangelistas sinóticos. Em Marcos o diálogo ocorre entre um escriba e Jesus, de maneira pacífica. Em Mateus e também em Lucas, um fariseu se dirige a Jesus com malícia, para tentá-lo. Entre os escribas e os fariseus discutia-se esta questão sobre qual seria o maior mandamento. Na Lei encontravam-se mais de seiscentos mandamentos a serem observados pelo povo. A opinião majoritária inclinava-se para a observância do sábado, como sendo o maior mandamento. Jesus já demonstrara liberdade em relação a ele, infringindo esta observância sabática. Agora, Jesus responde apresentando os mandamentos do amor a Deus e o amor ao próximo como sendo os maiores. 
O amor a Deus identifica-se e concretiza-se com o amor ao próximo. E a Lei e os Profetas se resumem neste mandamento do amor. No Sermão da Montanha Jesus também afirma que a Lei e os Profetas equivalem ao preceito de fazer aos outros tudo aquilo que queremos que seja feito a nós. Jesus nos leva à compreensão de que o amor a si mesmo só se realiza no amor ao próximo, e neste amor de comunhão fraterna comunga-se com o próprio Deus.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Muitos os chamados e poucos os escolhidos....


Mt 22,1-14
Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: "O Reino dos Céus é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. Mandou seus servos chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. Mandou então outros servos. Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios, outros agarraram os servos, bateram neles e os mataram. O rei ficou irritado e mandou suas tropas matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida, disse aos servos: 'A festa de casamento está pronta. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes'. E a sala da festa ficou cheia de convidados. Quando o rei observou um homem que não estava em traje de festa e perguntou-lhe: 'Como entraste aqui sem o traje de festa?' Mas o homem ficou sem responder. Então o rei disse aos que serviam: 'Amarrai os pés e as mãos desse homem e lançai-o fora, nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes'. Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos". 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ide vós também para a minha vinha....


Mt 20,1-16a
O Reino dos Céus é como o proprietário que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores a diária e os mandou para a vinha. Em plena manhã, saiu de novo. Ao meio-dia e em plena tarde, ele saiu novamente e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelo fim da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: 'Por que estais aí o dia inteiro desocupados'?. Eles responderam: 'Porque ninguém nos contratou'. E ele lhes disse: 'Ide vós também para a minha vinha'. Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao administrador: 'Chama os trabalhadores e faze o pagamento começando pelos últimos até os primeiros!' Vieram os que tinham sido contratados no final da tarde, cada qual recebendo a diária. Em seguida, vieram os que foram contratados primeiro cada um deles também recebeu apenas a diária. começaram a murmurar contra o proprietário. Então, ele respondeu a um deles: 'Companheiro, não estou sendo injusto contigo. Não combinamos a diária? Toma o que é teu e vai! Eu quero dar a este último o mesmo que dei a ti. Assim, os últimos serão os primeiros. 


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por causa de Jesus


Mt 19,23-30
Então Jesus disse aos discípulos: "Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". Ouvindo isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: "Quem, pois, poderá salvar-se?" Jesus olhou bem para eles e disse: "Humanamente isso é impossível, mas para Deus tudo é possível". Em seguida, Pedro tomou a palavra e disse-lhe: "Olha! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?" Jesus respondeu: "Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. Ora, muitos que são primeiros serão últimos, e muitos que são últimos serão primeiros. 

A Deus tudo é possível

Tendo um jovem rico, apegado a seus bens, se desinteressado pelo seu seguimento, Jesus pronuncia severa sentença de advertência contra a riqueza: "...Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus..." Pedro, então, falando em nome dos demais, lembra que eles haviam abandonado tudo, e cobra a recompensa. Em Mateus esta recompensa é prometida como evento escatológico, no fim dos tempos. 
Em Marcos a recompensa é o usufruto dos bens criados por Deus, "agora, durante esta vida" e a participação na vida eterna. Seguindo Jesus nos libertamos da ambição da riqueza para a partilha e a comunhão de vida com os irmãos, particularmente com os mais necessitados, entrando assim em comunhão eterna com Deus. 

Senhor da generosidade...


Encho a minha alma de um único desejo: descobrir a beleza do Teu Rosto de inefável bondade e amor. Realizar em cada acontecimento e com uma generosidade infinda, a Tua vontade! Vivo para Ti e alegra-me saber que em Ti, está a fonte da Vida e da humilde sabedoria. Vivo porque és Tu a viver em mim...Amo porque és Tu a amar em mim. Aprendo humildemente a lição do serviço, porque Tu me ensinas a arte da entrega e da doação...Confio-Te a minha pobre existência...Confio-Te o ser pequenino da minha miséria sujeita apenas à Tua infinita grandeza...

Senhor da generosidade, contigo, refaço o meu peregrinar e aprendo a viver em liberdade a minha entrega...Aprendo a olhar-Te, na aventura de viver a paixão por Ti e pela humanidade, aprendo a ser Samaritana, descobrindo contigo novos horizontes, e por estranho que pareça, venho dizer-Te que és para mim a novidade que dá sentido único aos meus desertos, e preenche os meus vazios tão frequentes, Tu, ofereces-me a água viva que é capaz de matar minha sede de absoluto!

Contigo, trilho os caminhos da paz, diálogo, Da escuta activa, do acolhimento e da partilha...Rezo-te o, convite a cultivar e privilegiar o meu compromisso, a força que me move para o viver em comunhão, em alegria e em esperança... Contigo, abro de par em par as janelas do meu coração para acolher o tesouro que me confias... Contigo, refaço as minhas vontades para elas se transformem numa única vontade, num único desejo: descobrir-Te e contemplar-Te...Num impulso que brota do fundo do coração, descubro a novidade do impulso que me é conferido porque é descoberta do Teu ser e do Teu viver em mim. Confirma-me Senhor na Fé! Revigora a minha Esperança! Incendeia o meu ser com fogo do Teu amor!
Ser testemunho credível do Teu amor e da esperança tornada visível nesse amor que nunca me abandona, é ser sinal para a humanidade desorientada, cansada e sem memória. Quero encontrar em Ti, o espaço certo para expressar gratuitamente o dom da minha entrega, quero ser a lógica da gratuidade e do testemunho desinteressado que em Ti encontra uma riqueza incomparável.
Quero recomeçar o meu nada a partir de Ti, quero aprender a escalar o monte do sacrifício que me faz assumir plenamente o compromisso do serviço e do aprender cada dia a doar a vida em resgate por muitos…

Cada dia preciso empreender a caminhada com um coração alegre e agradecido, porque o caminho estreito do seguimento que leva Ti, pode dar-me a energia necessária do manancial de onde brota a água da Vida que não me deixa morrer.
Que o sopro vital do Teu Espírito, me confira reciprocamente o amor fraterno e o serviço. Rezo-te a abertura do coração e da inteligência, para que me coloques na vanguarda do compromisso. Quero viver disposta e atenta para responder aos desafios que me colocas, no hoje da minha história.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DOGMA DE FÉ...


 Hoje, solenemente, celebramos o fato ocorrido na vida de Maria de Nazaré, proclamado como dogma de fé, ou seja, uma verdade doutrinal, pois tem tudo a ver com o mistério da nossa salvação. Assim definiu pelo Papa Pio XII em 1950 através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus: "A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial."

Antes, esta celebração, tanto para a Igreja do Oriente como para o Ocidente, chamava-se "Dormição", porque foi sonho de amor. Até que se chegou ao de "Assunção de Nossa Senhora ao Céu", isto significa que o Senhor reconheceu e recompensou com antecipada glorificação todos os méritos da Mãe, principalmente alcançados em meio às aceitações e oferecimentos das dores.

Maria contava com 50 anos quando Jesus subiu ao Céu. Tinha sofrido muito: as dúvidas do seu esposo, o abandono e pobreza de Belém, o desterro do Egito, a perda prematura do Filho, a separação no princípio do ministério público de Jesus, o ódio e perseguição das autoridades, a Paixão, o Calvário, a morte do Filho e, embora tanto sofrimento, São Bernardo e São Francisco de Sales é quem nos aponta o amor pelo Filho que havia partido como motivo de sua morte. 

É probabilíssima, e hoje bastante comum, a crença de a Santíssima Virgem ter morrido antes que se realizasse a dispersão dos Apóstolos e a perseguição de Herodes Agripa, no ano 42 ou 44. Teria então uns 60 anos de idade. A tradição antiga, tanto escrita como arqueológica, localiza a sua morte no Monte Sião, na mesma casa em que seu Filho celebrara os mistérios da Eucaristia e, em seguida, tinha descido o Espírito Santo sobre os Apóstolos. 

Esta a fé universal na Igreja desde tempos remotíssimos. A Virgem Maria ressuscitou, como Jesus, pois sua alma imortal uniu-se ao corpo antes da corrupção tocar naquela carne virginal, que nunca tinha experimentado o pecado. Ressuscitou, mas não ficou na terra e sim imediatamente foi levantada ou tomada pelos anjos e colocada no palácio real da glória. Não subiu ao Céu, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus

ASSUNÇÃO DE MARIA....


domingo, 14 de agosto de 2011

VIGÍLIA DA ASSUNÇÃO DE MARIA


Mulher é grande a tua fé...



Mt 15,21-28
Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e Sidonia. Uma mulher cananéia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: "Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demónio!" Ele não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: "Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós". Ele tomou a palavra: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel". Mas a mulher veio prostrar-se diante de Jesus e começou a implorar: "Senhor, socorre-me!" Ele lhe disse: "Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos". Ela insistiu: "É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!" Diante disso, Jesus respondeu: "Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!" E a partir daquela hora, sua filha ficou curada. 

A cura da mulher cananéia

Jesus parte para Tiro e Sidónia, cidades gentílicas execradas pela tradição do judaísmo. Conforme o evangelho de Marcos, Jesus entra em uma casa desta região, o que não era permitido pela tradição de Israel. As viagens de Jesus pela Galiléia e pelos territórios gentílicos vizinhos indicam o caráter da universalidade do Reino por ele anunciado, dirigido a todos os povos, sem fronteiras e sem exclusões. Neste sentido, particularmente, esta cena do evangelho destaca a cura da filha de uma mulher do mundo gentílico por Jesus, a qual entra na casa onde ele se encontrava. Ela é relatada nos evangelhos de Marcos e de Mateus. Mateus, contudo, ampliando-a, transforma-a em um diálogo que realça a exclusividade de Israel. Trata-se de uma adaptação para a sua comunidade formada principalmente por cristãos convertidos do judaísmo. No seu texto Mateus recorre a expressões típicas do judaísmo, estranhas a uma mulher cananéia: "Senhor", "filho de Davi", "Senhor, socorre-me!" (Sl 93,18), características de um uso litúrgico nas comunidades cristãs oriundas do judaísmo. A narrativa, tem o sentido de instruir a comunidade no sentido de acolher os cristãos convertidos do mundo gentílico, sem descartar a prioridade de Israel ao chamado de Deus. A frase: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel", é exclusiva de Mateus. O apóstolo Paulo também vê o anúncio aos gentios como uma extensão ao anúncio prioritário aos judeus (segunda leitura). A universalidade pretendida no texto do profeta Isaías (primeira leitura), na realidade significava a centralização e o reducionismo do culto de todos os povos ao culto de Israel em Jerusalém, como servos, conforme o direito e a justiça prescritos pela Lei do Templo, com seus holocaustos e oferendas, na observância do repouso sabático. No retorno do Exílio o exclusivismo judaico de manifesta, com Esdras, na sua exclusão das mulheres cananéias (Esd 9-10), e com Nehemias, na expulsão de Jerusalém de todos aqueles que eram originários de Tiro (Ne 13,16-21). Embora o texto exprima uma rejeição inicial de Jesus à cura da mulher cananéia, já haviam ocorrido duas curas de gentios por parte de Jesus: a do servo do centurião romano, em Cafarnaum e a do homem possesso na região gentílica de Gerasa.
Do ponto de vista de Mateus, tendo em vista sua comunidade de judeus cristãos, o texto é um apelo a que, mantendo seu carácter de povo eleito, se abram à acolhida aos gentios. Contudo, do ponto de vista de Jesus, o texto revela, de maneira mais ampla e abrangente, simplesmente o anúncio da universalidade do Reino. Fica bastante em evidência a acolhida de Jesus por parte dos gentios enquanto os judeus, na sua maioria, o rejeitaram. A expressão final, "como queres te seja feito" lembra a oração do Pai Nosso. Indica que aquela mulher gentílica, ao querer a libertação da filha, identifica-se com a vontade do Pai.