sábado, 31 de dezembro de 2011

SANTA MARIA MÃE DE DEUS...

Paz e Bem a quem está do outro lado do Saara...

O deserto parace nada ter de belo, mas quando os nossos olhos caem em cima dele, não há palavras que possam descrever tal maravilha. Quando descobri os traços, as montanhas e a cor da areia do deserto, perguntei? Porquê tanto medo quando a nossa vida parece um deserto? No meio do nada, tudo tem vida, porque a beleza de Deus é infinita.
Entoar um canto novo, ao Deus que tudo cria e faz de novo é a única coisa que pode brotar dum coração grato.
Perdida por entre nuvens, oceano e deserto, cheguei a Angola! Um calorzinho à mistura sabia bem para tanto frio no avião. Quando chegamos parece estarmos já num outro mundo que dá sinais de novidade e modernidade. Tudo se faz muito rápido, sem comparações com os anos 2006e seguintes... É bom saber que o desejo d emudança está patente no coração dos povos.
Esperava-me a irmã Emiliana e Rosa Félix. Foi rápido que nos piusemos em casa, pois pela noite dentro o trânsito está mais fluído.

Um acolhimento fraterno sabe sempre bem. Estava em casa com a graça de Deus.
O descanso era merecido para todas, daí que um trago de água fresca e uma fruta saciaram a sede e toca a esticar as pernas pois o avião deixa a gente encolhida.
Pela manhã chega a notícia de que a ir. Assunção tinha fraturado o fémur. Terminar o ano em sofrimento e começar o Novo Ano com sofrimento. Deus sabe que presentes oferecer aos Seus amigos!

Tudo vai correndo bem. Prepara-se o novo ano. Hoje dia 31 dia de deserto e retiro.
Rever a vida, agradecer a vida e projetar desejos novos para o ano que viveremos com a graça de Deus.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011



O Senhor se aproxima
Padre Raniero Cantalamessa indica os leigos como novos evangelizadores
Diante do mundo ocidental secularizado e em alguns aspectos pós-cristão, o Pregador da Casa Pontifícia se questionou: “Quem sabe a fé cristã não deva voltar para a Europa, a partir dos países que foram por estes uma vez evangelizados; mas desta vez não a partir do Norte, como depois das invasões bárbaras, mas a partir do Sul.”
Ecoando as palavras que o Santo Padre falou sobre a fé encontrada na África, “mais vibrante e intensa do que aquela encontrada no Ocidente agora”, Pe. Cantalamessa indicou o surgimento de uma nova categoria de anunciantes: “os leigos”.
“Não se trata- ele explicou - da substituição de uma categoria por outra, mas de um novo componente do Povo de Deus que, vem somar aos outros, permanecendo sempre os Bispos, liderados pelo Papa, os guias competentes e responsáveis últimos pela tarefa missionária da Igreja.”
De acordo com o Pregador da Casa Pontifícia, a tarefa principal é ajudar “a humanidade a estabelecer um relacionamento com Jesus."
O Evangelho de Lucas relata que foram 72 os primeiros apóstolos que Jesus enviou em missão.
E São Leão Magno, comentando, escreve que “Jesus enviou os 72 ‘dois a dois’, porque em menos de dois não pode haver amor” e, é a partir do amor que os homens podem reconhecer que somos seus discípulos.
“Isso vale para todos - disse Cantalamessa - mas de maneira especial para os pais”, por isso são determinantes as famílias missionárias.
"A parábola da ovelha perdida - acrescentou – se apresenta atualmente invertida: 99 ovelhas estão longe e uma manteve-se à oliveira. O perigo é passarmos o tempo todo a cuidar daquela única que permaneceu, e não ter tempo, até mesmo pela escassez do clero, de ir à busca das perdidas. Isso revela a contribuição providencial dos leigos”.
E, ainda assim, "Jesus queria que seus apóstolos fossem pastores de ovelhas e pescadores de homens. Para nós, o clero, é mais fácil ser pastores que não pescadores, isto é, nutrir com a palavra e os sacramentos aqueles que vêm à igreja, do que não andar em busca dos distantes, nos mais diferentes ambientes da vida”.
Sobre as razões da eficácia dos leigos e dos movimentos eclesiais, o Pregador da Casa Pontifícia, citou um famoso canto espiritual dos negros, intitulado "There is a balm in Gilead”, que diz: "Se não sabe pregar como Pedro; não sabe pregar como Paulo, vai para sua casa e diga aos seus vizinhos: Jesus morreu por nós!”
“Em dois dias será Natal – comentou Pe. Cantalamessa - É reconfortante aos irmãos leigos, lembrar que ao redor do berço de Jesus, além de Maria e José, estavam seus representantes, os pastores e os reis magos”.
E concluiu – “tudo começou com aquele Menino na manjedoura” e “Cristo nasce hoje, porque ele realmente nasce para mim quando eu reconheço e acredito no mistério. (...) Vem, Senhor, e salva-nos!”

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011



Senhor da manifestação

Surpreendida pela riqueza da Tua Palavra, posso exclamar que me faltam as palavras para me dirigir a Ti. Ontem uma Anunciação tão esperada, hoje, fico desarmada com a Tua presença na família de Zacarias e Isabel. Uma acontece na humilde casa de Nazaré, a Maria uma jovem do povo simples e de uma família com pouca relevância na sociedade. Hoje, Zacarias é o sacerdote do Templo, homem influente e importante no seu tempo.
Que beleza, ímpar! Maria acolhe o anúncio com total disponibilidade e uma fé inquebrantável, Zacarias, com dúvida, com desconfiança pede provas. Será que pode ser mesmo, o Batista nascer de uma mulher de idade avançada e estéril?
Tu, Jesus, nasces de uma Virgem, a Cheia de Graça, a plena do Espírito Santo. Tu revelas-Te donde, quando e como te apraz. O momento da Anunciação vem dizer ao meu coração que Tu, preferes sempre os simples, os pequenos e os humildes. Tu dás a Fé suficiente para acatar a Tua Palavra, o Teu convite.

Nada, mais Te, posso dizer a não ser que aumentes a minha Fé, que me faças ver que só o Amor é capaz de todas as coisas. Com o amor, é possível acreditar e ver mais além do que os nossos olhos possam contemplar.
Na casa do meu coração, vens para fazer morada. Nem sempre respondo com prontidão. Nem sempre abro as janelas da alma para deixar entrar a luz que vem desfazer as minhas trevas. 
A minha língua fica presa porque a Fé não é suficiente para Te proclamar com desenvoltura, mas quero alegrar-me com a Tua vinda, quero saborear a doçura do Teu amor, quero experimentar a alegria do teu ser que me habita. Tu me escolhes para ser Tua testemunha, Tu lanças a cada hora ao meu coração, o desafio admirável para acolher a Tua visita, pedes-me que ponha nela todo o afã contemplativo.

Nada, mais posso mesmo dizer a não ser: obrigada pelos Teus desígnios admiráveis, pela Tua ternura incomparável.
O papel de João é o de preparar os Teus caminhos, de ser a voz que clama no deserto, de Te mostrar ao mundo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Senhor, dá-me a graça de ser uma verdadeira testemunha do teu amor, a fim de que com palavras e obras, Vos leve a todos os povos e nações.



domingo, 18 de dezembro de 2011

Senhor do serviço
Ajuda-me a entender o Teu seguimento, Senhor, na linha do serviço. Não quero privilégios, nem primeiros lugares, nem agradecimentos públicos. Sim, quero apenas destacar-me, no realizar a Tua vontade, no serviço simples e humilde como o Teu e o de Maria. Quero ser servidora da Tua Palavra, quero entender a perfeição do Teu serviço.
Quero estar especialmente atenta para não deixar fugir as ocasiões de serviço. Faz comigo como Te aprouver.

Sou a Escrava do Senhor...


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Senhor da luz...

Senhor, com a Tua Encarnação iluminaste a nossa vida. Dá-me luz para que veja as aranhas do meu coração. Ajuda-me a reconhecer  as minhas trevas, essas zonas obscuras, tão minhas, onde resido e resisto à Tua graça. Sê claridade na minha vida, ajuda-me a ser transmissora da Tua luz. Ajuda-me a não esconder essa luz, mas a colocá-la no candelabro, para que todos vejam o  seu intenso e brilho.

A lâmpada tem luz, mas não é luz. Tem uma vida efémera, temporal, vazia. Em contrapartida, Jesus disse que Ele era a Luz do Mundo.
É momento de pensar nas minhas escuridões e dizer a mim mesma que as minhas trevas precisam da luz que vem de Jesus.
Oferece-me a Tua luz, para que viva, para que saiba acolher em mim a Tua luz, a Tua Palavra, a Tua vida, a Tua festa, os Teus sinais de fecundos de amor, a alegria do Teu Reino.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Ele veio para dar testemunho...

A testemunha não é o Salvador

6 Apareceu um homem enviado por Deus, 

que se chamava João. 7 Ele veio como testemunha,
para dar testemunho da luz, a fim de que todos
acreditassem por meio dele. 8 Ele não era a luz, 
mas apenas a testemunha da luz.
-* 19 O testemunho de João foi assim. As 
autoridades dos judeus enviaram de Jerusalém 
sacerdotes e levitas para perguntarem a João: 
«Quem é você?» 20 João confessou e não negou.
Ele confessou: «Eu não sou o Messias.»
21 Eles perguntaram: «Então, quem é você? Elias?» João disse: «Não sou.» Eles perguntaram: «Você é o Profeta?» Ele respondeu: «Não.» Então perguntaram: 22 «Quem é você? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. Quem você diz que é?» 23 João declarou: «Eu sou uma voz gritando no deserto: ‘Aplainem o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías.»
24 Os que tinham sido enviados eram da parte dos fariseus. 25 E eles continuaram perguntando: «Então, por que é que você batiza, se não é o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» 26 João respondeu: «Eu batizo com água, mas no meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem, 27 e que vem depois de mim. Eu não mereço nem sequer desamarrar a correia das sandálias dele.»
28 Isso aconteceu em Betânia, na outra margem do Jordão, onde João estava batizando. 

* 1,1-18: O Prólogo de João lembra a introdução do Gênesis (1,1-31; 2,1-4a). No começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O Filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e mútua comunicação. 

A Palavra é a Sabedoria de Deus vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que, em todos os tempos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela. 
Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência de todo homem. Mas, para onde nos conduziria essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida e felicidade de Deus. E para isso a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa, neste seu mundo.
A humanidade já não está condenada a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por pequenas manifestações de Deus, mas pelo próprio Jesus, Manifestação total de Deus. Com efeito, Jesus Cristo, que é a luz, veio para tornar filhos de Deus todos os homens. Um só é o Filho, porém, todos podem tornar-se bem mais do que filhos adotivos: nasceram de Deus.
Deus tinha dado uma lei por meio de Moisés. E todos os judeus achavam que essa lei era o maior presente de Deus. Na realidade, era bem mais o que Deus tinha reservado para todos. Porque Jesus, o Deus Filho, o verdadeiro e total Dom do Pai, é o único que pode falar de Deus Pai, porque comunica o amor e a fidelidade do Deus que dá a vida aos homens.

* 19-28: Quando João Batista começou a pregação, os judeus estavam esperando o Messias, que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As autoridades religiosas estavam preocupadas e mandaram investigar se João pretendia ser ele o Messias. João nega ser o Messias, denuncia a culpa das autoridades, e dá uma notícia inquietante: o Messias já está presente a fim de inaugurar uma nova era para o povo. 
Messias é o nome que os judeus davam ao Salvador esperado. Também o chamavam o Profeta. E, conforme se acreditava, antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias.
João Batista é a testemunha que tem como função preparar o caminho para os homens chegarem até Jesus. Ora, a testemunha deve ser sincera, e não querer o lugar da pessoa que ela está testemunhando. 

Bíblia Sagrada - Edição Pastoral

As suas palavras eram ardentes...

Livro de Eclesiástico 48,1-4.9-11.
Naqueles dias, o profeta Elias levantou-se impetuoso como o fogo; as suas palavras eram ardentes como um facho. Fez vir sobre eles a fome e, no seu zelo, reduziu-os a poucos.
Com a palavra do Senhor fechou o céu e assim fez cair fogo por três vezes.
Quão glorioso te tornaste, Elias, pelos teus prodígios! Quem pode gloriar-se de ser como tu? Tu foste arrebatado num redemoinho de fogo, num carro puxado por cavalos de fogo; tu foste escolhido, nos decretos dos tempos, para abrandar a ira antes de enfurecer, reconciliar os corações dos pais com os filhos e restabelecer as tribos de Jacob. Felizes os que te viram e os que morreram no amor; pois, nós também viveremos certamente.

Evangelho segundo S. Mateus 17,10-13.
Ao descerem do monte, os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: «Então, porque é que os doutores da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?»
Ele respondeu: «Sim, Elias há-de vir e restabelecerá todas as coisas.
Eu, porém, digo vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer o Filho do Homem.»
Então, os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista.

domingo, 27 de novembro de 2011

Fala o poeta...

Senhor da novidade...

O início da Tua Boa Notícia é surpreendente! O convite que me fazes para preparar esse caminho plano e pleno condensa-se na expressão: “estai alerta… vigiai…”

Parece que dizes isto como a alguém que anda desorientado, de fé esmorecida. O eco da Tua mensagem é para mim sinal de conversão e nem tenhas dúvida, que é a hora mais certa para me provocares e incentivares a viver na e da Tua Luz.
Descubro-te no encontro, na proximidade, na presença dos mil gestos de amor transformados em sacramento de vida. Tu, vens inaugurar uma nova geração, Tu vens com poucas Palavras, mas a Tua Palavra é força e alento para a vida.
Rezo-te neste dia em que medito com ênfase a Tua atenção desmedida para com os Teus filhos, se assim, não fosse, como soaria a palavra “vigiai” ou o convite a estar “preparado”? É comovedora a figura do Batista, que mexe com o meu interior e me acorda para que sai do marasmo da vida e passe depressa ao anúncio da Tua Palavra com energia, com dedicação, com fôlego, com dinamismo e criatividade. A minha missão, por mais simples e silenciosa, tem de anunciar a Tua grandeza.

Fico maravilhada com a inferioridade de João expressa na metáfora de não ser capaz de desatar as correias das Tuas sandálias! Sabes, Senhor, são laços e nós da vida, que precisam de ser desfeitos para me baixar e descobrir na Tua pequenez e humildade o cerne da pobreza que me imponho viver e não sou capaz! João brinda-me com magnifico exemplo, com orientações válidas para o hoje da minha vida. A Palavra que orienta o meu coração e o meu pensamento e me ajuda a contemplar o caminho de santidade que me apresentas.
No deserto da vida há obstáculos que não consigo transpor, mas devo deixar o antigo e correr em busca do novo, do bom, do perfeito e do belo. Mostra-me a Tua face, salva-me, reveste-me de Fé, de empenho, de ternura e de atenção. Na passagem deste momento, preciso de estar vigilante, iluminada, atenta às Tuas exigências, recordando em cada sopro d e vida a necessidade de ser pobre, humilde, simples, deparando-me apenas com o bem, o bem supremo que me invade por todos os lados.
Rezo-te Senhor da novidade, para que não me deixe invadir pelo protagonismo, pela vontade própria, pelo cenário de uma grandeza que destrói. Completamente às escuras rezo-te com a voz do poeta: No meio da sombra e das feridas, creio em Ti… Sem Ti o sol é luz descolorida… Sem Ti a Paz é cruel castigo… Sem Ti a vida é morte repetida… Contigo o sol é luz enamorada, a Paz é florida, a vida é sangue a jorrar. Se me faltas Tu, não tenho nada…

Neste Advento espero viver a dimensão da alegria e da esperança, num sentido profundo de conversão. Fica o desejo de Te procurar em cada acontecimento, em cada pobre, em cada situação social… Fica a vontade de permanecer sempre atenta e vigilante, activa e serviçal…
Senhor, se me vires dormir, por favor, desperta a minha sonolência. Se me vires esmorecida na Fé, abrasa-me com o fogo para que acolha com dinamismo a Tua Palavra e viva cada vez mais vigilante e preparada para a Tua chegada que não tem tempo nem hora… 
Que tudo o que colocas nas minhas mãos, não permaneça cego, mas iluminado pela Tua Luz fulgurante. 
Que Te procure sempre não lá pelas alturas, mas na pequenez da Tua humildade. 
Que meus braços não se cruzem, mas sempre erguidos para Ti façam o acolhimento mais belo, mais quente e terno. Faz-me voltar de novo e refazer em Ti a minha novidade.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Evangelho (Lucas 21,20-28)




Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 20“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 21Então, os que estiverem na Judeia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 

23Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo. 24Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. 27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. 

Estamos nos últimos dias da vida terrena de Jesus, após a Sua entrada triunfal em Jerusalém. Cristo está completando a catequese dos discípulos e, nesse contexto, anuncia-lhes tempos difíceis de perseguição e de martírio. Avisa-os, também, de que a própria cidade de Jerusalém será, proximamente, sitiada e destruída. Ora, é neste contexto e nesta sequência que aparece o texto do Evangelho de hoje.
A peça fundamental à volta da qual se estrutura o Evangelho de hoje está na referência à vinda do Filho do Homem com grande poder e glória e no convite a cobrar ânimo e a levantar a cabeça porque a libertação está próxima. A palavra libertação é uma palavra característica da teologia paulina (cf. I Cor 1,30; cf. Rom 3,24; 8,23; Col 1,14), na qual é usada para definir o resultado da ação redentora de Jesus em favor dos homens.
O projeto de salvação/libertação da humanidade, concretizado nas palavras e nos gestos de Jesus Cristo, é apresentado como o resgate de uma humanidade prisioneira do egoísmo, do pecado e da morte. Trata-se, portanto, da libertação de tudo o que escraviza os homens e os impede de viver na dignidade de filhos de Deus.
A mensagem proposta aos discípulos é clara: um caminho marcado pelo sofrimento e pela perseguição os espera. No entanto, não devem se deixar afundar no desespero porque Jesus virá. Com a vinda gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo (de ontem, de hoje, de amanhã), cessará a escravidão insuportável que os impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas.
Os “sinais” catastróficos apresentados não são um quadro do fim do mundo. São imagens utilizadas pelos profetas para falar do “Dia do Senhor”, isto é, o dia em que Deus vai intervir na história para libertar definitivamente o Seu povo da escravidão, inaugurando uma era de vida, de fecundidade e de paz sem fim. O quadro destina-se, portanto, não para amedrontar, mas para abrir os corações à esperança. Quando Jesus vier com a Sua autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação/libertação sem fim.


Há, ainda, um convite à vigilância: é necessário manter uma atenção constante a fim de que as preocupações terrenas e as cadeias escravizantes não impeçam os discípulos de reconhecer e de acolher o Senhor que vem.
A reflexão acerca do Evangelho de hoje pode tocar, entre outros, o seguinte ponto: a realidade da história humana está marcada pelas nossas limitações, pelo nosso egoísmo, pela destruição do planeta, pela escravidão, pela guerra e pelo ódio, pela prepotência dos senhores do mundo.
Quantos milhões de homens conhecem, dia a dia, um quadro de miséria e de sofrimento que os torna escravos, roubando-lhes a vida e a dignidade. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre a porta à esperança e grita a todos os que vivem na escravidão: “Alegrai-vos, pois a vossa libertação está próxima!”
Com a vinda próxima de Jesus, o projeto de salvação/libertação de Deus vai tornar-se uma realidade viva. O mundo velho vai converter-se numa nova realidade de vida e de felicidade para todos.
No entanto, a salvação/libertação que há-de transformar as nossas existências não é uma realidade que deva ser esperada de braços cruzados. É preciso “estar atento” a essa salvação que nos é oferecida como dom, e aceitá-la.
Jesus virá. Mas é necessário reconhecê-Lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. É preciso, também, ter a vontade e a liberdade de acolher o dom de Cristo e deixar que Ele nos transforme.
É preciso, ainda, ter presente que este mundo novo – que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho – nunca será uma realidade plena nesta terra, mas sim uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, haver destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O perdão é um ato da vontade, não das emoções...

A frase-chave do Evangelho de hoje é: “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, reprende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe”.
Em termos práticos, a palavra “perdão” significa abrir mão do direito de mover uma ação contra o ofensor. É um ato da vontade, não das emoções. O plano de Deus para o perdão a um ofensor dá a ambas as partes um novo começo rumo a uma vida melhor. O perdão de Deus é a remoção da culpa e da penalidade total de nossos pecados sem qualquer merecimento nosso.
O perdão é necessário, porque as ofensas são muitas. Jesus disse: “É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm!” (Lc 17,1). Nós ofendemos e somos ofendidos. Este é um problema comum nas relações humanas. Ofendemos os outros por atos, atitudes ou palavras (cf. Tg 3,2). O cristão sincero deve ser cuidadoso para não ofender nem sentir as ofensas pelos atos dos outros. Isso requer uma vigilância constante: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”, advertiu-nos Jesus.
O perdão é necessário por causa do mandamento de Deus. E Ele é bastante enfático sobre isso. Temos de perdoar cada ofensa repetidas vezes (cf. Lc 17,3-4).
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão e longanimidade. Suportando-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3,12-13).
Quer dizer, tudo que for oposto ao espírito de perdão deve ser abandonado de uma vez por todas, e ser substituído por bondade, simpatia e perdão. Neste capítulo não há meio-termo: ou perdoamos uns aos outros ou nos rebelamos contra Deus.


O perdão é necessário, porque não perdoar é prejudicial. Jesus advertiu de que tal atitude é tão grave que Deus não perdoará a pessoa que não quiser perdoar outra (cf. Mt 6,12-15). É tão grave que se uma pessoa persiste nesta atitude, deve ser excluída da comunhão da Igreja (cf. Mt 18,7-9). Um espírito amargo é algo muito sério diante de Deus, merecendo a mais severa disciplina.
Perdoe todas as ofensas. Se alguém ofendê-lo, quer seja por palavras, obras ou atitude, perdoe. Se o erro se repetir mais vezes, ainda que seja no mesmo dia, perdoe (cf. Lc 17,4). Perdoe verdadeiramente, não deixe que as ofensas se acumulem de modo a resultar num grande fardo. Seu perdão deve remover a ofensa para longe, assim como Deus nos tem perdoado.
Perdoe de uma vez para sempre. Você pode dizer: “Eu posso perdoar, mas não posso esquecer”. Deus não nos ordena a esquecer. Ele está preocupado que o nosso perdão seja tão completo que, se nos lembrarmos da ofensa, será para louvá-Lo pelo perdão e não para sentir mais tarde uma mágoa pela ofensa.
Confie plenamente em Deus. Perdão é um exercício espiritual. Quando Jesus terminou Seu ensino sobre o perdão, os discípulos responderam: “Aumenta-nos a fé” (cf. Lc 17,5). O perdão pode ser estendido às pessoas pela fé em Deus.
Submeta-se totalmente ao Espírito Santo. As virtudes mencionadas em Colossenses 3,12-13, relativas ao que devemos fazer para perdoar, estão intimamente ligadas aos frutos do Espírito Santo, enumerados em Gálatas 5,22-23. O cristão que é cheio do Espírito não O entristecerá com uma atitude amarga que recusa perdoar.
Siga explicitamente o exemplo de Cristo: “Assim como Cristo vos perdoou, assim também fazei vós” (Cl 3,13). “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4,32). Jesus mesmo nos deixou o exemplo do perdão para seguirmos.

Ame abnegamente a pessoa que não merece. “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor” (Cl 3,14). Este espírito capacitará você a agir bondosa e pacientemente com o ofensor. “O amor é sofredor, é benigno, não se irrita, não suspeita mal, tudo sofre. O amor nunca falha” (I Cor 13,4-8). O amor de Deus é a resposta para toda nossa amargura e sentimentos irreconciliáveis.
Descanse completamente na paz de Deus Pai. Se você permitir que a paz do Senhor domine seu coração, você não terá problema com a falta de perdão (cf. Cl 3,15). Quando você “guarda a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”, não terá problema com o espírito de irreconciliação (cf. Ef 4,3). A amargura e a mágoa que acompanham um espírito irreconciliável destruirão a paz do coração.

Se você pensar: “Não posso viver com a pessoa que agiu errado comigo”, lembre-se de que é a paz de Deus que deve reinar no seu coração. Se não pode amar essa pessoa, peça a Deus para amá-la por você e Ele o fará! Amando com o amor de Deus você será cheio de Sua paz (cf. Ef 4,1-3).

Perdão significa abrir mão para sempre do direito de mover uma questão contra uma pessoa, ou seja, de vingar-se dela. É um ato da vontade, não de emoções. O plano de Deus é que tanto o ofensor como o ofendido tomem um novo começo, rumo a uma vida melhor. Esteja disposto a cultivar a graça do perdão e será feliz para todo o sempre diante do Altíssimo.

Prestai atenção...

Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos.
3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”.
5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

Senhor das Núpcias...

Senhor das núpcias

A parábola das dez virgens surpreende-me pela sua beleza, mas deixa-me estupefacta pela dureza das Tuas palavras. Dez virgens… dez lâmpadas cheias… dez lâmpadas vazias… dez esperas para o encontro e surpresas sucessivas… a alegria do encontro cria ansiedade… gera partilha…
Prudência e imprudência, marcam o desafio proposto nesta parábola… Vigilância e Fé são sinais de que a espera do Esposo tem de ser bem preparada.

Eu sei, Senhor, que a salvação é um caminho longo a percorrer e nunca nos salvamos sós, mas sempre em comunhão. Quando oiço e medito esta Palavra, parece que estás a meter medo, pois basta o mais pequeno descuido, o mais pequeno atraso na vida pode por em causa a minha entrada no Reino. Mas, pergunto-me: como pode ser, se és o Esposo mais amável, mais fiel, mais misericordioso, bom e manso?
Preciso de perceber o contexto onde pronuncias estas palavras. Palavras de vigilância, de espevitar a Fé, de tomar consciência da relação contigo, de viver a mais profunda intimidade contigo experimentando o teu amor.
A sabedoria da vida tem de ser calibrada para se saber discernir adequadamente o percurso da caminhada de Fé.

Um simples azeite… uma lâmpada singela… mas um cansaço incontornável…
Tudo parece desmoronar-se no encontro com o Esposo se deixo de estar atenta e desperta para escutar as Tuas pertinentes e exigentes palavras de vida. A minha lâmpada perde tantas vezes o vigor e deixo-me dormir… Deixo de ter luz e Tu és a Luz que tanto preciso para não deixar avançar as trevas das minhas escuridões tão frequentes…

Tu, és o dom do Pai, o Esposo Celeste que me ofertas o diadema e com amor me colocas a aliança de um amor sempre fiel. Quero saborear a doçura das Tuas Palavras, quero estar vigilante e atenta para manter firme e constante a minha fidelidade esponsal.
A minha lâmpada de nada serve estar preparada se não vivo fortalecida e alimentada pela oração e pelo contacto mais profundo com a Tua Palavra que espevita a minha Fé e faz arder em mim a Caridade. Lâmpada acesa, azeite na almotolia, disposição interior para caminhar nas sendas do Teu amor. A luz da minha lâmpada tem de deixar resplandecer o brilho da beleza do teu Rosto.

Senhor das núpcias, não deixes amortecer a minha chama, quando estiver adormecida, espevita-a com o azeite do Teu amor. Não quero esquecer o compasso que marca a música do baile do encontro contigo. Que a ginástica do meu espírito me eleve a alma para a experiência das bodas. Que a vigilância do coração perceba que alguma coisa vai acontecer e que Tu virás a qualquer hora.

Reabre os meus ouvidos à Tua Palavra para adquirir a sabedoria que se deixa encontrar por quem a procura e se dá a conhecer a quem a deseja… que neste percurso eu encontre a Tua humildade e me incline para acolher o Teu perdão e me sente à Tua mesa saciando-me na comunhão de bens contigo.
Aceita Senhor das núpcias, a minha lâmpada acesa com perseverança, com constância e com fidelidade. Que em mim não haja espaço para o esquecimento e o descuido. Que seja sempre prudente e me prepare em cada dia para um encontro transbordante do azeite da Fé.

Quero priorizar na vida o azeite do Espírito Santo. Quero manter acesa a lâmpada da minha Fé. Sem a Fé tudo se apaga e morre. A minha salvação depende da minha Fé, da chama que arde em meu coração....

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Acolher... Perdoar e Procurar...

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 

3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 

8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.


O que fazemos para encontrar a jóia (Jesus) que perdemos?

Jesus continuou a mostrar aos críticos escribas e fariseus a razão pela qual Ele comia com os pecadores, ao contar outra parábola parecida com a da ovelha perdida.
O dote de casamento da mulher comumente consistia em moedas que ela guardava cuidadosamente como seu maior tesouro, para transmitir às filhas. A perda de uma dessas moedas era considerada séria calamidade e sua recuperação era causa de grande alegria, motivo até de comemoração de toda vizinhança.
As mulheres geralmente colocavam tais moedas em uma faixa que usavam na testa para que todos pudessem ver. Essa moeda grega, a dracma, não tinha praticamente valor monetário, só valor sentimental, pois ela simbolizava a aliança existente entre os noivos.
No oriente, as casas pobres consistiam normalmente em um único quarto sem janelas e escuro. Tinha piso de terra batida ou pedra recoberto com palha para aliviar a poeira, o frio e a umidade. O quarto raramente era varrido e uma moeda que caísse ali era facilmente encoberta pelo pó e pelo lixo. Para encontrá-la, mesmo durante o dia, era preciso acender uma candeia [lamparina] e varrer a casa. Mas o valor sentimental da moeda compensava qualquer esforço.

A moeda é um objeto de metal, sem sentimento, sem razão, sem noção das coisas. Uma moeda perdida, ao contrário da ovelha, não sabe e nem sente que está perdida e, por isso, não acha que precisa de salvação. Ela não tem consciência da sua situação. Quando a moeda se perde, ela também perde o seu valor. Ela só brilha quando está nas mãos de seu dono. Jogada no chão, a moeda não tem valor. Ela perde o sentido de existir. Pode até brilhar por um tempo, até que a ferrugem tome conta dela e finalmente acabe enterrada e esquecida.
A moeda perdida simboliza as pessoas que hoje estão perdidas, mas não têm consciência da sua situação. Para elas, aparentemente, tudo está em ordem. Mas na verdade está tudo errado. Elas se recusam a aceitar que estão perdidas e insistem em dizer que está tudo bem. Carregam um vazio que dói. Que perturba. Que incomoda e que não as deixa ser felizes. A moeda perdida representa todos os homens e mulheres que não aceitam e nem reconhecem que estão perdidos.
Essas pessoas pensam que o que dá significado à vida é o brilho que elas têm. Concentram sua atenção nos próprios talentos, na própria capacidade. Podem ser grandes artistas, grandes profissionais, homens que brilham, mas não têm paz. Não querem reconhecer que precisam de Deus.
Nesta parábola, Cristo ensina que mesmo os que são indiferentes aos apelos de Deus não deixam de ser objeto do Seu amor incondicional. Continuam sendo procurados para salvação.
A expressão “acender a candeia” define claramente o dever dos cristãos para com os que necessitam de auxílio devido ao distanciamento de Deus. Os errantes não devem ser deixados em trevas e no erro, mas cumpre empregar todos os meios possíveis para trazê-los novamente à luz.

A verdadeira alegria

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Senhor da Felicidade...

Senhor da felicidade

O Anjo que sobe a nascente, traz o Teu selo, Tu que és o Deus da vida. Sou marcada por este selo que me convida a ser santa. De pé, diante do teu trono estás Tu, o Cordeiro Imaculado, a quem quero apresentar-me impecável, de túnica branca e com palmas na mão, bradando com voz forte: “ A Salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”.
De rosto por terra, adoro-Te e bedigo-Te, Tu, o Senhor da felicidade, Aquele que me repete: “Vinde benditos de meu Pai…”. Sou da geração dos que Te procuram, querendo subir à Tua montanha santa e habitar no Teu Santuário e nele experimentar o silêncio da admiração porque disposta a escutar-Te no segredo. As parcas palavras que meus lábios possam pronunciar, são breves e ínfimas mediante o Teu silêncio belo e leve como brisa suave. Tu manifestas a Tua graça nesse silêncio adorador e aí, eu aprendo a pronunciar o Teu nome e a viver na inocência do coração.

Tu, que tens por cada ser humano um amor admirável, Tu que nos consagras e chamas a viver a filiação divina. Ver-Te, contemplar-Te, subir ao monte Contigo, é admirável! Esperar em Ti, viver essa purificação interior não há vocábulos capazes de demonstrar essa beleza imparável! Escutar os Teus ensinamentos, é dom que não sei agradecer.
Hoje, Senhor da felicidade, é dia dos felizes, dos santos que já gozam da Tua presença, mas é o dia da Igreja que peregrina num caminho de santidade, porque apoiada e fortalecida pela Tua Palavra que se repete: “Sede Santos, porque o vosso Pai Celeste é Santo”. Eu faço parte destes que caminham ainda em busca da plena santidade de vida. Hoje, Senhor, ouso repetir as palavras que Louis Amstrong cantava com a sua voz inimitável: “eu quero ser um deles”, um desses santos que peregrinam em busca do bem supremo…

No mais fundo da minha humanidade, repito: desejo ser santa. Desejo ser a heroína destes tempos, onde o chorar tem um sentido muito alargado, onde a paz se vive com dificuldade, onde a pobreza traz a marca do abandono, do não ter nada, do não ter voz, do ser injustiçado, escorraçado e mal tratado… sofre-se, chora-se, é-se perseguido, ultrajado, injuriado, mas é desta forma que Te apresentas ao mundo nos dias em que vivo, nos pobres. O que significa para, mim, viver com radicalidade o códice de vida que me apresentas? Tudo está no ser Bem-aventurado porque estas coisas acontecem em Ti, por Ti e para Ti…
A santidade é um projecto inigualável. Nenhum arquitecto ou projectista será capaz de refazer criativamente esta maqueta. Neste projecto, há impulso dinamizador, há vivência e desafio sem par, há cor, harmonia de rabiscos, há constância na santidade de vida que o coração se propõe viver com batimentos fortes ao ritmo de uma vida que não tem barómetro para medir a milésima do respiro que oxigenado traz Vida e Vida em Abundância.

“A coisa mais verdadeira deste mundo não é propriamente a liberdade, mas a fidelidade”. Hoje e sempre, o convite soa aos meus ouvidos pedindo que seja capaz de dar volta à minha vontade rebelde… O grande desafio da santidade está em ser cada vez mais como Tu me queres, a minha vontade tem de estar em sintonia com a Tua, tem de manter viva a comunhão de vontades, comunhão de peregrinos, comunhão de santos.
Sou dessa geração incontável que forma a multidão dos que seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá. Sou dos que queremos partilhar as Tuas alegrias e dores. A minha vida tem de se conformar com a Tua, tenho que ser sempre do grupo dos Teus amigos.
No cume pontiagudo da montanha, experimento a força da Fé, a corrente da Esperança e o fogo da Caridade. É preciso viver arraigada e cimentada em Ti, ó Cristo. Urge dar testemunho de santidade coerente, ao mundo em que espraio e exponho a minha vida. Urge ser profeta de paz no mundo que clama Paz, e na contradição dos actos faz a guerra.
Preciso de falar de Deus ao mundo de hoje. Que a necessidade premente do compromisso forte da Fé, faça tremer o meu pensamento e a minha memória e coração. Que tudo se deixe tomar por Ti, que insistentemente me convidas à santidade.
A velocidade com que percorro as sendas deste mundo, não podem afastar-me da Santidade do Deus que habita em mim, mas é por mim tão esquecida. A fragilidade da minha natureza tem de sentir-se fortalecida pelo constante repetir: “Eis-me, Senhor, podeis enviar-me”. 

Ser sinal de bem-aventurança, viver em felicidade e fidelidade é a minha missão, mesmo que nela se atravesse a Cruz.
Sermos santos, porque Tu, nos convidas a ser santos, é meta desejável e possível.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Diálogo e Oração pela Paz...

 SANTO PADRE EM ASSIS
 No Dia de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e a Justiça no Mundo
 ASSIS, quinta-feira, 27 de Outubro de 2011
* * *
Queridos irmãos e irmãs,
distintos Chefes e representantes das Igrejas
e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,
queridos amigos,
Passaram-se vinte e cinco anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos factores económicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de carácter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz.

Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.

Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Senhor da Comunhão...

Senhor da comunhão

O percurso da vida traz-me o desgaste que condiciona o meu percurso de vivência da esperança. O primado da Tua Palavra é a base da missão que me confias. A Tua Palavra é o elo de união que marca cada passo da minha vida.
O alimento da Tua Palavra robustece a minha fé. Cada gesto de amor e de escuta, faz-me viver a alegria da comunhão que posso viver no amor com todos quantos me dás. Permanecer firme na Tua Palavra, ser discípula atenta dos Teus ensinamentos, liberta-me, faz-me voar como a ave livre e liberta de medos e temores.
A Tua Palavra faz brotar rebentos novos para serem contemplados sempre na linha do dom precioso do Teu amor que fala, que comunica a superabundância da Tua imensa graça. A primazia da Tua Palavra cria laços, impulsiona para a acção, traduz-se em mil centelhas de luz que resplandecem nas trevas e fazem brilhar a luz intensa do Teu amor e predilecção por cada criatura que criaste para viver em comunhão de sentimentos, de partilha, de afectos e de doação.
Procurar-Te no texto sagrado é a chave que pode abrir a mente e o coração. A Tua Palavra é tesouro inigualável, é encontro, é experiência viva e vivida no amor. Procurar-Te, é aprender a Tua sabedoria, é viver com respeito o silêncio saboreado no encontro com o Verbo que se faz Palavra para fortalecer as debilidades que impedem o nosso corpo mortal de avançar com energia na construção de um mundo novo.
Na audição da Tua Palavra, reflecte-se o silêncio que ensina a eminente sabedoria do Verbo Encarnado. A pedagogia dos Teus ensinamentos faz-me descobrir a sensação deste silêncio que inebria e traz gozo e beleza a quem se deleita da oração e contemplação dos Teus ensinamentos.  Quero construi-la solidamente ao ritmo da Tua mente. A resposta à sede que fica em meu coração, dá-se na abertura às perguntas que me lanças em desafios constantes, em alargamento de valores e satisfação das aspirações próprias da alma que te procura sem cessar. Deixo que Te exponhas a mim quando celebro a liturgia que preparo em cada tempo de encontro fecundo contigo…

Há respigos de uma beleza divina incomparável! Na disposição interior da minha vida, celebro e contemplo cada Mistério da Tua Vida. No diálogo fecundo travado contigo, alargam-se os horizontes porque nada fica só entre nós, mas é partilha de vida e de amor com os irmãos que fazem comunhão comigo e partilham da mesma fé e gozam dos mesmos Mistérios da Tua vida que é Vida em nós. Há marcas indeléveis do amor esponsal vivido numa eternidade infinda, onde a aliança tem o nome de fidelidade, onde a melodia das núpcias é resgate de adesão ao Teu coração, é transformação de vida, é envolvimento da alma ao Mistério da Tua Palavra.
Quero rezar com a Tua Palavra, quero fazê-lo com gestos, com atitudes e a concretização que se insere na vida. Que o deslumbre da oração se reflicta nas obras, no discurso que deve ser sempre marcado pela simplicidade e humildade.
Que ore sem cessar, que me lembre de Ti em cada instante, que me revista sempre com a Tua graça. Que me deixe tocar, encantar, enamorar e ferir pela beleza do Teu amor feito entrega, feito palavra. Que viva em Ti e Tu vivas sempre em mim. A Tua Palavra é seiva que corre nas minhas veias e ele é a razão única do meu viver. Que o grito da alma que anseia e suspira por Ti, seja a súplica mais intima que me arrasta e atrai para Ti…
Ó Deus Trindade, Una e Santa, ó Deus da comunhão, Tu és fiel na minha história pessoal, quero manter firme a minha aliança para contigo. Quero abrir-Te a porta do meu ser, rezando-te a cada instante da vida:
Que importa se é tão longe para mim,
A praia onde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara luz do teu olhar?
… Eu sei que vai raiar a madrugada
 E nunca me deixarás abandonada…

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A Paz que vem de Assis...

O Reino de Deus é fermento, é semente...

Lc 13,18-21

Jesus disse:
- Com o que o Reino de Deus é parecido? Que comparação posso usar? Ele é como uma semente de mostarda que um homem pega e planta na sua horta. A planta cresce e fica uma árvore, e os passarinhos fazem ninhos nos seus ramos. 

Jesus continuou:
- Que comparação poderei usar para o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura em três medidas de farinha, até que ele se espalhe por toda a massa. 



Fermento na massa

Estando Jesus a caminho de Jerusalém, onde se dará o confronto final com os chefes religiosos do Templo, ele ensina os discípulos narrando-lhes duas parábolas. O profeta Ezequiel prenunciava um futuro glorioso de Israel como um broto de cedro, tirado do Líbano e plantado por Javé em Jerusalém, no monte Sião. Este cedro do Líbano, frondosa árvore, era símbolo das nações poderosas. Esta imagem de poder foi assumida para si na tradição do judaísmo. Jesus rejeita esta imagem de poder. Para ele o Reino é como o pequeno grão de mostarda. A mostarda é uma hortaliça que nascia à beira do Mar da Galiléia.

Seu grão é minúsculo, porém a planta pode crescer até três metros de altura. Sem ser imponente e potente como os cedros do Líbano, abriga as aves do céu. Na sua simplicidade acolhe a vida. As imagens do fermento na massa e do grão de mostarda exprimem como a partir de algo pequeno e inexpressível se chega a transformações significativas, não em vista de um poder dominador e excludente, mas, sim, de um amor suave e acolhedor. O modesto início aponta para um processo transformador de toda a sociedade, apesar das oposições, resistências e violência enfrentadas por Jesus e pelas comunidades. 

Deus nos chama a cultivar o amor que desabrocha suavemente na comunhão de vida com os irmãos e com Jesus